No livro Enciclopédia Negra, os autores - Flávio dos Santos Gomes, Jaime Lauriano e Lilia Moritz Schwarcz - revisitam o período da escravidão e da ps-abolição e seguem até os dias atuais, trazendo biografias notáveis, desde Abdias do Nascimento a Zeferina e Zumbi dos Palmares, a fim de explicitar o protagonismo dos negros em nossa história.

A Enciclopédia traz 416 verbetes biográficos e mais de 550 personagens que encenam um reencontro do Brasil com a memória silenciada de milhões de pessoas negras que construíram a história do país.

Além de traçar a biografia de pessoas comuns dos últimos séculos, a Enciclopédia Negra retrata a trajetória de mães que lutaram pela liberdade da família, profissionais liberais, ativistas e revolucionários, curandeiros, médicos e líderes religiosos que reinventaram outras Áfricas no Brasil - pessoas cujas feições foram apagadas pela história.

Para ampliar esse grande projeto, que tem como utopia mexer com a imaginação de seus leitores, foram convidados 36 artistas negros, negras e negres que criaram mais de 100 retratos inspirados pelos verbetes. Desse total, 36 retratos ilustram a Enciclopédia; os demais integram o acervo de obras da Pinacoteca de São Paulo, onde estão expostos desde o dia 24 de abril de 2021. A exposição contará também com videovisitas e videoaulas que ficarão disponíveis no site da instituição: pinacoteca.org.br ou http://bit.ly/expoenciclopedianegra.

A Enciclopédia Negra em sala de aula

Para o ensino de História ao longo da Educação Básica, a Base Nacional Comum Curricular (bncc) destaca a importância de as fontes de estudo serem provenientes de registros variados, a fim de promover a valorização das memrias produzidas no interior de cada grupo social. Dessa forma, a Enciclopédia Negra configura uma rica fonte de informação para trabalhar o tema da historiografia nas escolas.

Em sala de aula, a Enciclopédia Negra oferece a oportunidade de:

  • construir memória;
  • reconstruir o passado e evitar uma visão homogênea da história das populações negras que se firmaram no Brasil;
  • proporcionar o resgate da memória e da identidade social dos sujeitos, possibilitando que se dê a essa identidade um sentido que vá além da escravidão;
  • estabelecer relações diretas com questões sociológicas e antropológicas;
  • possibilitar o trabalho com os Temas Contemporâneos Transversais (TCTs) dos eixos Cidadania e civismo - que inclui a Educação em Direitos Humanos - e Multiculturalismo - que engloba a Diversidade cultural e a Educação das relações étnico-raciais e ensino de história e cultura afro-brasileira, africana e indígena.

Ao dar rosto a alguns dos biografados, o material promove uma construção artística do passado, favorecendo o intercâmbio entre Arte e Educação. Por todas essas características, a Enciclopédia configura um repositório vasto e seguro de informações para o estudo da história das populações negras que formaram o Brasil, conferindo a elas protagonismo e reconhecimento.