Trecho do livro SEXO E AMIZADE

Rush Mulher no trânsito é um pobrema. Bom era no tempo da ditadura. Eles não davam carteira pra qualquer um, não. Tinha que mostrar que sabia dirigir mesmo. Se o cara não arrumava o banco direito quando ia sentar no carro, pelo jeito do cara, o instrutor já percebia se o cara era bom de dirigir mesmo. Se o cara não sentasse direito, com as costas retas, assim que nem eu, tá vendo?, o instrutor mandava o sujeito embora na mesma horinha. Sem carteira. E, pra dirigir táxi assim que nem eu, o sujeito tinha que ter muita experiência. É. Tá vendo? Olha só. Viu? No trânsito não tem lugar pra amador, não. É. Tem que ser rapidinho que é pro passageiro não perder tempo. Tá vendo no túnel? Eu sei onde fica cada radar. Tá vendo ele piscando lá? Então... eu desenvolvo a cento e vinte aqui e, na hora que tá chegando perto, eu freio. Eu vou passar no radar a oitenta, certinho. Olha só. Ahá. Viu? Não piscou, não fotografou. Agora eu posso pisar que não tem mais radar. Não tem mais pobrema. Ruim é que dia de sexta-feira os motorista amador sai tudo pra rua. Fica tudo atrapalhando o trânsito. A lá o velho. Só podia ser japonês. Não enxerga nada com aqueles olho puxado. Mas ruim mesmo é mulher. Devia ser proibido mulher dirigir, que nem na época da ditadura. Pra dirigir, só profissional. Tem que ser igual eu. Eu já dirigi caminhão, Scania, Mercedes, Volvo. Sabe o que é isso? Tem que ser homem mesmo pra segurar o bicho. É por isso que eu tenho carteira de profissional. Posso dirigir qualquer coisa, até tanque de guerra. Na época da ditadura, pra tirar carteira de caminhão, o instrutor mandava a gente ir subindo uma ladeira assim, ó, e frear de repente. Se o caminhão descesse um pouquinho pra baixo, eles não davam a carteira, não. Eu fui lá e, ó, não mexeu nem um pouquinho. No tempo da ditadura o instrutor pegava firme. Assim que tem que ser: que nem na época da ditadura. Ah! Se fosse na época da ditadura e eu tivesse dirigindo um Volvo agora!!! Tá vendo aquela mulher ali, aquela velha... se eu tivesse no Volvo, eu passava por cima. Mas vê se eu sou trouxa pra encostar nela agora! Se fosse no tempo da ditadura, eu jogava ela no poste. Mas tá vendo o guardinha lá na esquina? Só quer saber de multar. Fica prejudicando os motorista de verdade. Olha só. Tá vendo? Vou grudar no rabo da velha. A lá ela ficando apavorada. Porra, se não agüenta a parada, fica em casa. E os pleibói?! A lá aquele lá. Só porque tem carro importado que o papai comprou, acha que pode ficar ultrapassando todo mundo. Eu, ele não ultrapassa, não. Não sou mulher, não, que fica deixando passar. Ó só. No tempo da ditadura ele ia ver só. Ia pra cadeia e ia tomar um monte de porrada. Fica fumando maconha e sai pra rua pra atrapalhar o trânsito. No tempo da ditadura, eles pegavam os filhinho de papai, punha pra tomar choque e o escambau. Não tinha pleibói com carro importado, não. Não podia ficar atrapalhando o trânsito, não. Se o pleibói tivesse maconhado, ia direto pro hospício. E não era desses hospício chique pra filhinho de papai, não, que nem leva choque. No tempo da ditadura era hospício mesmo. Tinha que ser homem pra agüentar. Agora, não. Que nem aquele, o Rafael, do Polegar, que fica engolindo escova de cabelo... quero ver se ele ia aparecer na televisão no tempo da ditadura. No tempo da ditadura ele ia era engolir um cassetete na goela. Por isso é que no tempo da ditadura não tinha esse negócio das drogas, não. Só nos Estados Unidos. Agora, não. Os pleiboizinho fuma maconha, vem pra rua atrapalhar o trânsito, e qualquer coisa o papai vai lá, tira do xadrez e põe na clínica de desintoxicação. Essas clínica é tudo hotel de luxo, igual o Lalau. Quero ver agüentar é os hospício no tempo da ditadura. É. E os pedestre também, a lá. Fica tudo avançando na rua. Fica tudo atrapalhando o trânsito. Depois a gente atropela um e dá o maior pobrema. A lá!!! A lá aquela mulher. Mulher é ruim até de pedestre. No tempo da ditadura, eu não queria nem saber, eu ia em cima mesmo, que é pra aprender a olhar o sinal. Pedestre pode atravessar o sinal vermelho, mas eu, que sou profissional, tenho que parar. A lá o guardinha. Se eu entrar um pouquinho na faixa, ele me multa. Os bandido, os estuprador fica tudo aí, e eu é que tenho que pagar multa. Por que que não vai multar esse pessoal que fica atrapalhando o trânsito? Que nem na época da ditadura! Por que que não vai multar as mulher? Por que que não vai multar os pleibói? Por que que não vai multar os japonês, que fica só atrapalhando o trânsito?! A lá. Tem olho puxado, por isso é que atrapalha o trânsito. Eles ficam dirigindo do lado contrário lá no Japão, e depois vêm aqui e não sabem dirigir certo. Sabia que no Japão eles dirigem do lado contrário? É. O motorista vai no banco da direita. Mas aqui, não. Os japonês fica do outro lado e não sabem dirigir do lado certo. Por isso é que jogaram a bomba atômica no Japão na época da ditadura. Porque os japonês fazem tudo ao contrário, que nem buceta de japonesa, que é atravessada. A lá a velha. Fica só atrapalhando o trânsito. Na época da ditadura não tinha isso, não. Podia ser velho, japonês, pleibói, mulher, ia tudo tomar porrada. Por isso é que era bom. Agora, não. Cara de moto, então, não tinha que nem esses agora, não. Antes os cara de moto era tudo cabeludo, na época da ditadura. Era os que mais tomava porrada. Os cabeludo e os comunista, esse pessoal que fica atrapalhando o trânsito. Agora é motobói. Fica tudo atrapalhando o trânsito e, na hora que a gente perde a cabeça, dá um encostãozinho, o motobói se arrebenta, aí vem motobói de bando pra te dar porrada. Logo você, eu, que sou profissional. Aí eu é que sou prejudicado. Então, a gente, que é profissional, é que é prejudicado. Vê lá se a gente, que é profissional, temos direitos humanos!? Não, direitos humanos é só pra bandido. Só pra estuprador, que os políticos querem tudo soltar. A Marta. Direitos humanos é só pra esse pessoal aí que fica atrapalhando o trânsito. Tudo lerdo. A lá. Na época da ditadura não tinha esse negócio, não, de direitos humanos. Era choque, porrada. Eles enfiavam o cassetete lá mesmo. Sabe aonde, né? Mulher, então, eles iam com alicate no bico dos seios. Que nem esses canadenses que seqüestraram o Diniz do Pão de Açúcar. Se fosse na época da ditadura, eles pegavam aquelas mulher do seqüestro e estuprava tudo. Com homem eles enfiavam o cassetete. Com mulher eles estuprava eles mesmo. Depois davam porrada, enfiava garrafa. Agora vem o Direitos Humanos e solta tudo. E dia de sexta-feira é pior, que os amador vêm tudo pra rua pra ficar atrapalhando o trânsito. Fica tudo sem deixar a gente ultrapassar. É. A lá. A lá os trombadinha. Finge que tá com fome, e as mãe fica tudo lá escondida. Aí os menino pede dinheiro e dá tudo pra mãe tomar pinga. Eu não dou, não. Eles finge que é pra comer, mas não é, não. Eu já vi. É pra mãe tomar pinga. A lá a mãe daquele ali com outro filho dando de mamar. Tá só esperando o menino chegar com o dinheiro. Na época da ditadura eles também pegavam esses menino, botavam dentro do ônibus, lá na Dutra, pegavam a estrada, matava e jogava tudo no mato. Agora, não, fica tudo aí pedindo dinheiro, atrapalhando o trânsito. A lá. Dia de sexta-feira só tem lerdo na rua, atrapalhando o trânsito. A lá. Os velho tudo devagar, atrapalhando o trânsito. A lá. O sinal abre, e o velho fica esperando, a lá, fica olhando prum lado, olhando pro outro, porra! Vai embora, caralho, o sinal abriu, tem que passar por cima, que nem eu, que sou profissional de Volvo. Fiz exame no tempo da ditadura. Mas os caras, não. Sai tudo pra rua na sexta-feira pra atrapalhar o trânsito. A lá, ó. Tudo paradão, a lá. A lá!!! Num tô dizendo? A lá a aleijada, tá vendo? Não consegue nem andar direito e já vai se jogando na frente dos carro. E os otário param pra ela passar. É isso que atrapalha o trânsito.