Trecho do livro O LIVRO DOS PORQUÊS

POR QUE AS ARANHAS FAZEM TEIAS? Elas estão por toda parte. Nos cantos da parede, em algum móvel velho, embaixo da cama, no jardim... Seus fios formam desenhos que encantam nossos olhos. Procure atentamente e você deve encontrar uma teia. Que elas são feitas por aranhas, todos já sabem. Mas por que as aranhas fazem teias? A resposta está na barriga da aranha. Bem na ponta no abdome dela existe um par de órgãos que produz fios de seda, que formam a teia. Assim, ela solta o fio e vai tecendo, com a ajuda de algumas de suas oito pernas, um emaranhado que pode ter muitos formatos. Cada espécie faz uma teia diferente. As teias têm várias utilidades para as aranhas: servem para caçar, proteger os ovos ou mesmo fazer abrigos. As aranhas que produzem teias para caçar são as mais observadas. Você já deve ter visto algum bicho grudado em uma teia. É que ela é coberta por uma substância pegajosa. Assim, o inseto desavisado pode esbarrar em uma delas e ficar preso em seus fios. Se isso acontecer, já era! Ele certamente será devorado, pois todas as aranhas são predadoras, nenhuma é vegetariana. As aranhas utilizam suas teias até para armazenar os alimentos. Se algum bicho fica grudado e ela está sem fome, guarda o petisco bem enroladinho em um casulo de seda para comer mais tarde. Existem ainda as aranhas que usam a seda para escapar de animais que adoram comê-las, como pássaros, sapos e alguns insetos. Para se livrar do perigo, entre outras artimanhas, algumas espécies fazem uma teia em forma de funil, que tem dupla função: a ponta maior serve para caçar, e a ponta menor, para se esconder; assim, ela tem cozinha e quarto na mesma teia. Até mesmo os filhotes das aranhas usam seu fio. Algumas espécies, principalmente as que vivem em áreas mais abertas, como nas regiões de cerrado do centro do Brasil, utilizam suas teias de maneira espetacular. Assim que deixam os ovos, fazem um fiozinho e prendem a ponta em um pedacinho de folha ou em outro fio; aí as aranhinhas soltam uma ponta e seguram na outra. Como a seda é muito leve, o vento pode levá-las para longe, como se estivessem viajando num balão. É assim que essas aranhas encontram novos alimentos para comer e outros lugares para fazer suas teias. Felipe Bandoni de Oliveira Instituto de Biociências,Universidade de São Paulo POR QUE A TERRA É O ÚNICO PLANETA CONHECIDO NO QUAL EXISTE VIDA? A vida em outros planetas já foi tema para bons filmes de suspense, terror, e serviu até para animar personagens terríveis ou meigos, como o clássico E.T. Porém, para que haja vida tal como conhecemos aqui na Terra, é preciso que o planeta tenha uma série de características. A receita da vida não é fácil. Em primeiro lugar, o candidato a planeta habitado deve ter compostos orgânicos, ou seja, substâncias com carbono, elemento químico fundamental para a composição da vida. Depois, essas substâncias devem ser combinadas com outros elementos, como água em estado líquido e temperatura abaixo de 120 C. Isso só para começar. Contudo, para manter a vida, essa temperatura não pode variar muito. Para isso, o planeta precisa ter o tamanho ideal, mais ou menos igual ao da Terra. É que, com esse tamanho, o candidato a planeta povoado tem condições de conservar sua atmosfera - camada de ar e gases - com espessura e condição necessárias para manter sua temperatura. Se for maior, há mais emissão de gases-estufa e a temperatura pode se elevar muito; se for menor, ele não tem condições de manter a atmosfera e a temperatura estável ideais para o desenvolvimento da vida. O efeito estufa é a retenção de calor na Terra causada pelo acúmulo de gases de diversos tipos, como dióxido de carbono, metano, clorofluorcarbonetos e óxidos de nitrogênio. O tamanho do globo também influencia a atividade vulcânica, que fornece os gases atmosféricos importantes para manter o efeito estufa, que, em nível considerado normal, promove o aquecimento adequado. Outro fator importante é a rotação - movimento que o planeta faz em torno do seu eixo. Esse giro deve ser relativamente rápido, para que a temperatura do planeta não sofra muita variação e impeça a água de congelar ou evaporar. Se esse movimento fosse mais lento, não haveria estabilidade na temperatura do globo e, provavelmente, não haveria água em estado líquido, fundamental para a vida na Terra. A distância da estrela central também precisa ser perfeita, para que haja equilíbrio da temperatura, pois a emissão de energia das estrelas apresenta variações durante sua vida. Na posição que a Terra ocupa, mesmo que a temperatura do Sol oscile, o equilíbrio térmico da atmosfera é mantido. Se estivesse mais próxima ou distante, nossa atmosfera não conseguiria equilibrar as modificações na emissão de energia de nossa estrela central. Bem, de todos os planetas do Sistema Solar, apenas a Terra apresenta todas essas características. Mas, segundo os cientistas, em alguns grandes satélites existem elementos parecidos com os que devem ter originado a vida na Terra. Será que, no futuro, teremos informações surpreendentes? Eder Cassola Molina Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas,Universidade de São Paulo