Mãos minúsculas que se esforçam para agarrar e manusear as páginas. Dedos ágeis que exploram e estranham texturas. Olhos brilhantes que se encantam pelos coloridos e contrastes… Os livros para bebês são uma fonte incrível de diversão, exploração e descoberta. Mas o que levar em conta na hora de escolher obras a serem lidas (e dedilhadas) por esses pequenos leitores?
Na hora de escolher livros para bebês, a materialidade importa, mas a história é crucial (Crédito: Getty Images)
Para Cristiane Rogério, coordenadora do curso de pós-graduação “O Livro Para a Infância: processos contemporâneos de criação, circulação e mediação”, d’A Casa Tombada/Facon, tanto para bebês quanto para leitores de qualquer idade, o ideal é que o livro tenha um desafio. No caso dos bebês, um caminho para essa provocação pode estar na materialidade. “Para o bebê é corpo, é morder, sentar em cima, passar na cabeça”, explica.
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Materialidade dos livros para bebês
Livros cartonados e de cantos arredondados, por serem mais resistentes e seguros (já que os pequenos dificilmente conseguem arrancar pedaços e não se machucam com os cantinhos pontiagudos!), estão entre os formatos mais populares. Mas não é preciso se limitar a eles. Há livros de borracha e plástico para a hora do banho, livros com transparências, de pano, com texturas que imitam pelos de bichos, com buracos, livros-sanfona, com dedoches…
Em É um livrinho, de Lane Smith, os personagens manipulam um livro para entender sua função
O importante é garantir a variedade e estimular a manipulação da criança, que descobre o mundo pela experimentação física – eles adoram colocar os dedinhos nas diferentes texturas e levantar as abas dos livros pop-up, que revelam surpresas. “Quanto mais tiverem sentido e forem usados de forma criativa, mais durabilidade têm na preferência do bebê ou de quem estiver fazendo a mediação”, completa Cristiane.
O desafio também pode estar em pontos surpreendentes na narrativa, nas cores e formas. Tudo isso, claro, respondendo a um propósito artístico, que faça sentido para aquele livro.
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Lane Smith brinca com a tecnologia e o papel fundamental do livro em É um livrinho, indicado para bebês
O melhor critério na hora da escolha
A verdade é que não há receita mágica para escolher livros para bebês porque cada leitor é um leitor - inclusive, os bem pequenos, que têm suas próprias preferências apesar do tamanho. Então, vale sempre recorrer a uma boa dose de empatia. “O bom livro para o bebê é um livro que você também goste. Achou chato? Então, deve ser chato!”, resume Cristiane.
Mas, se você encontrar uma história que faça rir, emocione, instigue a curiosidade ou surpreenda, provavelmente, será um livro que o bebê também vai gostar. Não basta ter um formato “indestrutível”. Ele precisa ser pensado para o leitor, ou seja, ter uma concepção por trás, um bom acabamento – e isso quer dizer também ter um casamento entre palavras, design e material.
(Atualizado em 16/6/2021)
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