No início de março, a Companhia das Letras foi à Justiça contra as ordens de recolhimento do livro O avesso da pele, de Jeferson Tenório, proferidas por autoridades dos estados do Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná. As ações (mandados de segurança) tinham como finalidade a imediata suspensão do recolhimento das obras e a devolução das que já tivessem sido recolhidas das escolas públicas dos respectivos estados.

A decisão, felizmente, foi revista nos estados de Goiás e Paraná, e o livro pôde voltar às escolas para os alunos de Ensino Médio.

Já no Mato Grosso do Sul, pelas informações prestadas pelo Governador do Estado, Eduardo Correia Riedel, e pelo Secretário de Educação, Hélio Queiroz Daher, defendeu-se a legalidade da ordem de recolhimento, sob o fundamento de que o livro apresentaria “uma linguagem inapropriada para crianças e adolescentes e pelo fato de que as bibliotecas escolares serem de acesso público a todos os estudantes da comunidade escolar, inclusive de crianças do ensino fundamental, não dispondo de área reservada para obras com linguagem de cunho sexual e jargões". Neste Estado, nossa pretensão, por ora, tampouco foi acolhida pela Justiça. Assim, os jovens sul-mato-grossenses seguem sem acesso ao livro.

Estamos convictos de nossa posição e ao lado de Jeferson Tenório. A luta prossegue!

ENTENDA O CASO

O avesso da pele, obra inscrita e avaliada pelo Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD), foi aprovado por uma banca de educadores, especialistas e mestres em literatura e língua portuguesa para ser trabalhado com alunos do Ensino Médio. Após uma tentativa de censura baseada na interpretação distorcida e descontextualizada de trechos isolados, o livro foi recolhido de maneira arbitrária para uma nova avaliação.