
Marilda Castanha dá nome ao indizível em seu novo livro
Em ‘Meu nome’, novo livro da autora mineira, a guerra da Palestina é propulsora para um manifesto pela infância das vítimas de conflitos
Hoje, 16 de agosto, é comemorado o Dia do Filósofo, aquele que se dedica à arte de pensar. Em sua etimologia, a filosofia (philos = “que ama” + sophia = “sabedoria”) já anuncia a paixão pelo saber. Essa verdadeira ciência do perguntar extrapola faixas etárias ao tratar de temas tão diversos quanto a grandeza do universo, a contemplação do mundo, o significado de estar vivo. Que tal celebrar a data com as crianças lendo obras que despertam diversos ensinamentos filosóficos?
Escola de Atenas de Rafael
Quando o corpo é matéria maleável
O voo do golfinho, escrito em 2012 pelo autor angolano Ondjaki, com ilustraçõesda canadense Danuta Wojciechowska, conta a história de um golfinho que queria voar. Com um bico diferente, que lembrava mais o de um passarinho, o golfinho queria explorar lugares além do oceano, o céu. Os saltos que ele já estava acostumado a dar eram altos demais e lembravam um voo. Certo dia, saltou tão alto que conseguiu enxergar o reflexo de seu próprio corpo na água, lembrava o de uma ave. "O meu bico parecia o bico de um pássaro. Também o meu corpo. O meu olhar", ele narra relembrando sua própria história. Como seria se os humanos pudessem escolher quem gostariam de ser a cada dia que passasse? Este livro sugere algumas pistas de como seria experienciar a liberdade em sua forma mais elástica.
Quando grandes questões precisam ser respondidas
Clássico da tradição oriental, difundido durante o século XII, A conferência dos pássaros (2013) é recontado pelo escritor e ilustrador tcheco Peter Sís. Quando um poeta vira uma ave (poupa) e discursa para uma multidão de pássaros, de todo o mundo, os problemas que sempre estiveram às vistas passam, enfim, a ser notados. Não sem antes muita hesitação, a procura por um rei sábio que teria "todas as respostas", então, é iniciada. Mas chegar até o rei não é nada fácil, os pássaros têm que passar por sete vales: o da Procura, o do Amor, o da Compreensão, o do Desapego, o da Unidade, o do Deslumbramento e o da Morte. Como Mamede Jarouche, professor de língua e literatura árabe da Universidade de São Paulo, deixa registrado nas orelhas do livro: "eis aí a síntese dos sentimentos humanos e uma metáfora esclarecedora da vida". As ilustrações são uma outra viagem especial, enchem os olhos nessa descoberta do que mais toca e aflige a humanidade.
Quando jornadas pelo mar inundam pensamentos
A jornada de Tarô (2014), escrito e ilustrado pelo mestre zen-budista Dosho Saikawa, "traz mensagens de paz e tolerância, e revela ensinamentos de solidariedade e compaixão universais", como coloca no prefácio Heloisa Prieto, tradutora da obra. O peixinho japonês, Tarô, inquieto e curioso, decide se jogar no oceano quando, enfim, percebe, que está na hora de realizar seu verdadeiro sonho: encontrar a água da vida. Tal recurso seria fonte da "maior felicidade do mundo". Mas até então nenhum outro peixe conseguiu chegar até o final da viagem. O livro, a partir de desenhos com traços simples, compartilha fundamentos e valores elaborados do budismo. E sugere que, para entender determinados problemas, basta tomar distância e mudar a perspectiva.
Quando o significado da vida é ela mesma
Em O livro da vida (2015), a escritora e ilustradora sueca Pernilla Stalfelt traça diversos caminhos para entender o que significa estar vivo. Com uma abordagem bem-humorada, a autora percorre desde territórios mais científicos ("a origem da vida é o útero") até outros mais espirituais ("A vida chega ao fim. A gente morre e é enterrado. [...] Será que a gente nasce de novo?"). Também pedagoga, ela se utiliza muito de uma linguagem didática e questionadora, buscando sempre envolver o leitor. As tentativas de entender e definir o que realmente é a vida são muitas, mas como o próprio verbete da Enciclopédia Nórdica que abre o livro antecipa "o seu real significado ainda é desconhecido". Dentre tantas possibilidades para começar a entendê-la, questionar e pensar é uma opção interessante. Prova de que há vida!
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