Dia da Mulher: as admiráveis mulheres comuns e o que elas nos ensinam

06/03/2025

Ainda que a História muitas vezes invisibilize personagens femininas relevantes, cada vez mais podemos citar exemplos de mulheres que ganham notoriedade - seja nas ciências, na política, nas artes, no combate à emergência climática. Muitas delas se tornaram inspiração para outras meninas e jovens mulheres - e a literatura ajudou a contar suas histórias.

Ilustração de 'Lina'

 Malala, a menina que desafiou um regime autoritário que oprime as mulheres para ter direito à educação tem sua saga contada em Malala, a menina que queria ir à escola (Companhia das Letrinhas, 2015), de  Adriana Carranca com ilustrações de Bruna Assis Brasil. Nina Simone, que quebrou barreiras na música em um contexto de perseguição racial, ganhou a biografia Nina, uma história de Nina Simone (Pequena Zahar, 2022), de Traci N. Todd. Dona Ivone Lara, além de abrir espaço na roda de samba para outras mulheres, ainda se tornou uma figura importante na luta antimanicomial, como acompanhamos em Dona Ivone Lara e o sonho de sambar e encantar (Companhia das Letrinhas, 2024), de Jacques Fux com ilustrações de Flávia Borges. Em Lina (Pequena Zahar, 2022), de Angela Léon, a pena Lina enfrenta autoritarismos para conseguir estudar e se tornar a grande personalidade que marcou o Brasil: a arquiteta Lina Bo Bardi. Greta Thunberg, que com apenas 15 anos tomou consciência da emergência climática e resolveu agir, iniciando sozinha um movimento que alcançou repercussão global, tem sua trajetória contada em Ninguém é pequeno demais para fazer a diferença (Companhia das Letrinhas, 2020), de  Jeanette Winter. 


E podemos citar ainda muitas outras mulheres incríveis que deixaram sua marca para a posteridade - muitas delas estão biografadas em Extraordinárias - Mulheres que revolucinaram o Brasil (Seguinte, 2023),de Aryane Cararo e Duda Porto de Souza.


Mas e as mulheres comuns?


As anônimas que fazem a roda da vida girar? Que ditam o ritmo de suas famílias, que sustentam a economia do cuidado, se dividindo em jornadas duplas ou triplas? E as mulheres que abriram caminhos para suas filhas e netas performando pequenas revoluções cotidianas? Desafiando preconceitos, questionando convenções, se aventurando em espaços antes restritos aos homens? Essas mulheres também merecem ser reconhecidas e lembradas.


Fizemos uma seleção de livros que celebram o poder das mulheres comuns e seu legado - na família, na sociedade e para as próximas gerações. Confira:


Para se inspirar com extraordinárias mulheres comuns


Loba (Pequena Zahar, 2023) de Roberta Malta com ilustrações de Paula Schiavon

Ilustração de 'Loba'

Em uma releitura revolucionária de Chapeuzinho Vermelho, esta narrativa sensível e de poucas palavras celebra o prazer de encontrar a liberdade. A casa parecia pequena demais para a menina… mas na floresta, ela pode experimentar, se soltar e assim, abraçar sua natureza mais selvagem na figura da loba. Uma obra imperdível que faz parte do Catálogo White Ravens 2024.


Minha avó ia ao cinema (Companhia das Letrinhas, 2023), de Paula Marconi de Lima com ilustrações de Lumina Pirilampus

Ilsutração de 'Minha avó ia ao cinema'

Quem eram nossas mães e avós antes de serem mães e avós? Em um tempo onde as escolhas e possibilidades das meninas eram limitadas, foi graças à ousadia de mulheres que vieram antes que os espaços foram se abrindo. Pequenos atrevimentos como usar calças em lugar de saias ou teimar em ir ao cinema sozinha podem parecer até atitudes insignificantes, mas ganham ares de revolução em tempos passados.

 

LEIA MAIS: Memória de infância: quem eram nossas mães e avós


Sou indígena! (Companhia das Letrinhas, 2024), de Cláudia A. Flor D'Mari com ilustrações de Raquel Teixeira

Capa de 'Sou indígena!'

Nesta obra, que faz parte da Coleção Canoa, que oferece literatura de qualidade a preços acessíveis, a menina narradora celebra a força indígena em um poema manifesto. É na sabedoria ancestral, na empatia, na conexão com a natureza que as mulheres indígenas se fortalecem.


A menina pêssego (Companhia das Letrinhas), de Gustavo Hirga e Paola Yuu Tabata

Ilustração de 'A menina pêssego'

Neste conto tradicional japonês, o protagonista era originalmente um menino, o menino-pêssego. Mas nesta versão moderninha, os autores quiseram dar o protagonismo a uma menina - e por que não? Um casal de velhinhos encontra um pêssego gigante, que vem flutuando pelo rio… e quando eles estavam prestes a partir a fruta ao meio, de lá sai - surpreendentemente - uma menina! Apesar de pequena, ela decide combater os onis, as criaturas terríveis que atormentam o vilarejo onde o casal vive.


Amanhã (Pequena Zahar, 2022), de Lúcia Hiratsuka

Ilustração de 'Amanhã'

As histórias de três gerações se entrelaçam em diferentes tempos e espaços. Três meninas compartilham uma jornada que parte do mesmo ponto: "Amanhã tem escola?" Os passos delas parecem andar no mesmo ritmo ainda que em cenários e tempos distintos, construindo experiências que se conectam e que fazem pensar em legado, memórias e culturas que permanecem.


Os dengos da moringa de voinha (Brinque-Book, 2023), de Ana Fátima com ilustrações de Fernanda Rodrigues

Ilustração de 'Os dengos da moringa de voinha'

É nas singelezas do dia a dia que o afeto se imprime - e que as memórias são construídas. Na rotina testemunhada por uma moringa, fica evidente o cuidado performado por mulheres com os filhos, com a casa, com os idosos, para nutrir, para encantar, para divertir. Um retrato de uma família comum, que celebra tradições quilombolas e das mulheres que conduzem o dia a dia em tantas famílias brasileiras.

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