Trecho do livro DEZ DECISÕES QUE MUDARAM O MUNDO

Prefácio A Segunda Guerra Mundial remodelou de tal modo o século XX que seus efeitos repercutem até hoje. E essa guerra - a mais pavorosa da história - tomou forma, em grande parte, em algumas escolhas fatídicas feitas pelos líderes das maiores potências do mundo em meros dezenove meses, entre maio de 1940 e dezembro de 1941. Esses dois pensamentos estão subjacentes aos capítulos a seguir. Quanto mais o século XX se aproximava de seu fim, mais se tornava evidente que seu período definidor havia sido o da Segunda Guerra Mundial. Evidentemente, a Primeira Guerra Mundial foi a "catástrofe original". Ela abalou regimes políticos (os impérios russo, austríaco e otomano desmoronaram quando ela surgiu), destruiu economias e deixou uma marca profunda nas mentalidades. Mas as sociedades e estruturas políticas altamente instáveis e voláteis que surgiram depois dela se revelaram de curta duração. O imenso custo social, econômico e político da carnificina de quatro anos aparentemente sem sentido implicou que uma nova grande conflagração não só era bastante provável como foi se tornando gradativamente inevitável. A Segunda Guerra Mundial foi, de maneira óbvia, o assunto não resolvido da Primeira. Mas esse segundo grande conflito foi não só ainda mais sangrento - custou quase 50 milhões de vidas, de quatro a cinco vezes o custo estimado de mortes da guerra de 1914-8 -, como mais verdadeiramente global; foi também mais profundo em suas conseqüências duradouras e na reconfiguração das estruturas de poder mundiais. Tanto na Europa como no Extremo Oriente, as pretensões anteriores ao poder - as de Alemanha, Itália e Japão - ruíram na voragem de destruição. Uma combinação de falência nacional e movimentos anticoloniais renascidos decretou o fim do império mundial da Grã-Bretanha. A China de Mao foi a primeira herdeira da morte do Japão e dos levantes no Extremo Oriente dilacerado pela guerra. E, acima de tudo, as duas novas superpotências, Estados Unidos e União Soviética, nenhuma delas muito super antes de 1939, agora se ombreavam com arsenais nucleares numa Guerra Fria que duraria até a última década do século. A constelação de poder deixada pela Segunda Guerra Mundial não conduziu a um terceiro conflito catastrófico - para surpresa e alívio de muitos contemporâneos dos primeiros anos da Guerra Fria -, mas forneceu o arcabouço para a recuperação de fênix tanto do continente europeu como do Extremo Oriente, tendo como locomotivas econômicas, espantosamente, os países derrotados Alemanha (ao menos sua metade ocidental) e Japão. Foi somente com o final imprevistamente pacífico (no geral) do bloco soviético em 1989-91 que o mundo entrou em seu período pós-pós-guerra. O impacto da Segunda Guerra Mundial foi, portanto, imenso, duradouro e definidor. A Segunda Guerra Mundial também legou à humanidade uma palavra nova, horrível, que passou a ser vista, cada vez mais, como uma característica definidora do século: genocídio. E, embora não tenha sido, nem de longe, o único exemplo desse século sombrio, o evento que veio a ser conhecido posteriormente como "o Holocausto" - a tentativa planejada da Alemanha nazista de exterminar 11 milhões de judeus, um projeto genocida sem precedentes na História - deixou a marca mais duradoura e fundamental para as décadas futuras. Em termos de política de poder, o legado do Holocausto assegurou, e deu legitimidade a, a fundação do Estado de Israel, apoiado por boa parte do mundo, mas ferozmente atacado pelos vizinhos do novo país que haviam perdido terras, e levando inevitavelmente a uma agitação interminável e mesmo crescente no Oriente Médio, com enormes implicações para o resto do mundo. E, em termos das mentalidades, a preocupação crescente com o Holocausto, quanto mais ele recua na história, afetou profundamente as visões sobre raça, etnia e tratamento de minorias. O contexto do extermínio dos judeus havia sido a Segunda Guerra Mundial. Mas, mais do que apenas contexto, o extermínio dos judeus foi uma parte intrínseca do esforço de guerra alemão. Esse componente genocida integrante da Segunda Guerra veio a exercer um papel cada vez mais importante na configuração da consciência histórica nas décadas subseqüentes. Antes de maio de 1940 eclodiram duas guerras separadas em continentes separados. A primeira foi a guerra feroz que assolou a China depois do ataque dos japoneses em 1937. A segunda foi a guerra européia que havia começado em 1939 com o ataque da Alemanha à Polônia, seguido, dois dias depois, pelas declarações de guerra à Alemanha pela Grã-Bretanha e a França. As atrocidades terríveis - pelos japoneses na China e pelos alemães na Polônia - já se haviam tornado marcos de ambas as guerras. Nesse estágio, porém, a primavera de 1940, o massacre genocida que em breve ocorreria na Europa oriental ainda estava no futuro. E, embora a guerra no Extremo Oriente fosse uma preocupação vital das potências européias e dos Estados Unidos, ela permaneceu, até esse ponto, distinta da guerra européia, que por sua vez não havia se estendido geograficamente (excetuando a Albânia, sob domínio italiano depois da invasão de abril de 1939) para além de partes da Europa oriental e central ocupadas pelas armas alemãs. Inversamente, a guerra na Europa alertava o Japão para as possibilidades que se abriam de ricas ocupações no Oriente em detrimento, particularmente, da maior potência imperial, a Grã-Bretanha. Mas a expansão, como os líderes japoneses bem compreenderam, pressagiava um possível confronto não só com a Grã-Bretanha mas também, cada vez mais perigosamente, com os Estados Unidos. Também na Europa a guerra estava fadada a se ampliar. No outono, Mussolini colocou os Bálcãs em chamas com seu ataque à Grécia. E, no fim do ano, a determinação de Hitler de invadir a União Soviética na primavera seguinte se traduziu numa firme diretriz militar. Enquanto isso, a ajuda americana à sitiada Grã-Bretanha aumentava. O mundo todo estava sendo rapidamente arrastado para uma única e gigantesca guerra. Os capítulos a seguir examinam algumas decisões políticas interligadas com imensas e dramáticas conseqüências militares, entre maio de 1940 e dezembro de 1941, que transformaram as duas guerras separadas em continentes distantes numa conflagração verdadeiramente global, um conflito colossal, com o genocídio e um barbarismo sem precedente em seu centro. Evidentemente, em dezembro de 1941, a guerra ainda teria um longo percurso pela frente. Muitas peripécias ainda ocorreriam no curso da guerra. Obviamente, outras decisões cruciais, sobretudo estratégicas e táticas, ainda haveriam de ser tomadas. E para o deus da guerra, com a supremacia Aliada agora assegurada, o arcabouço geopolítico do acordo - a base da Guerra Fria logo surgiria - foi estabelecido nas conferências de Yalta e Potsdam. Porém, os três anos e meio restantes da guerra ainda encenariam essencialmente as conseqüências das decisões tomadas entre maio de 1940 e dezembro de 1941. Foram escolhas realmente fatídicas - decisões que mudaram o mundo. As escolhas feitas pelos líderes de Alemanha, Grã-Bretanha, União Soviética, Estados Unidos, Japão e Itália - países com sistemas políticos e processos de tomada de decisões muito diferentes (dois fascistas, dois democráticos, um comunista, um burocrático autoritário) - foram interligadas. Como essas decisões foram tomadas? Cada capítulo procura, antes de tudo, responder a essa pergunta. Mas algumas questões afins surgem imediatamente. Que influências foram exercidas nos responsáveis pelas decisões? Até onde eram decisões pré-elaboradas por burocracias governamentais, ou conformadas por grupos de poder competidores dentro das elites governantes? O quanto essas decisões foram racionais - e foram elas decisões que significaram guerra - em termos dos objetivos de cada regime e à luz das informações secretas que estavam recebendo? Que papel foi desempenhado pelos indivíduos no coração do processo de tomada de decisões, e quanto ele se diferenciou dentro dos diversos sistemas políticos? Que liberdade os dirigentes da guerra têm para tomar suas decisões? Por contraste, qual é o peso das forças externas e impessoais no condicionamento e limitação das decisões? Em que medida o espaço de manobra na tomada de decisões diminui nos meses em questão? Até onde, em outras palavras, o escopo para alternativas se estreita, ou mesmo desaparece completamente, nos dezenove meses em questão? E que conseqüências, de curto e longo prazo, as decisões tiveram? Essas são algumas considerações que se elaboram a seguir. Visto em retrospecto, o que ocorreu parece ter sido inexorável. Quando se examina a história de guerras, talvez mais que a história em geral, existe um impulso teleológico quase inato que nos leva a presumir que a maneira como as coisas aconteceram é a única como elas poderiam ter acontecido. Parte do propósito deste livro é mostrar que não foi assim. A guerra é vista em cada capítulo como que por trás da escrivaninha de um líder diferente, apenas com noções indistintas dos planos do inimigo à sua disposição, o futuro em aberto, opções a serem consideradas, decisões a serem tomadas. Uma decisão implica que houve escolhas a serem feitas, alternativas possíveis. Para os atores em questão, mesmo os mais ideologicamente comprometidos (ou bitolados), considerações vitais estavam em jogo, avaliações cruciais precisavam ser feitas, grandes riscos teriam que ser assumidos. Não houve um curso inexorável a ser seguido. Em cada caso, portanto, o livro pergunta por que uma determinada opção e não a alternativa foi escolhida, colocando, em muitos exemplos, a questão do que poderia ter acontecido se a opção alternativa fosse adotada. Não se trata de fazer história virtual ou contrafactual do tipo que faz um jogo de suposições intelectuais de olhar para algum futuro distante e projetar o que poderia ter acontecido se alguns eventos não houvessem se passado. Há sempre variáveis demais em jogo que tornam infrutífera essa linha de investigação, por mais fascinante que a especulação possa ser. No entanto, poder-se-ia alegar com justeza que os historiadores operam implicitamente com contrafactuais de curto alcance em termos de alternativas a ocorrências ou desdobramentos importantes imediatos. Não fosse assim eles seriam totalmente incapazes de estabelecer o que realmente aconteceu. Por isso, as alternativas aqui discutidas não são oferecidas como projeções de longo prazo ou especulações do tipo "e se", mas como resultados realistas possíveis, ou diferentes, em curto prazo, do que de fato foi decidido. Em outras palavras, avaliar as opções por trás de uma particular decisão ajuda a esclarecer por que, exatamente, a decisão efetiva foi tomada. Dez decisões são abordadas. Pode-se argumentar que as três que tiveram conseqüências de maior alcance foram as do regime de Hitler: atacar a União Soviética, declarar guerra aos Estados Unidos e exterminar os judeus. A consideração dessas decisões reflete o papel predominante da Alemanha como principal força motriz no curso decisivo dos fatos que estamos abordando. Como poder dinâmico desencadeando eventos, o Japão vem em segundo lugar, algo que os dois capítulos consagrados aos japoneses procuram salientar. As decisões relativamente reativas da Grã-Bretanha, da União Soviética e, de uma maneira distinta, da Itália são tratadas em capítulos únicos, embora o papel crescente desempenhado pelos Estados Unidos lhe tenha valido dois capítulos. Outras decisões que não as consideradas aqui, por exemplo, as da Espanha de Franco ou da França de Vichy recusando-se a entrar na guerra do lado do Eixo, são, comparadas às decisões examinadas abaixo, de uma ordem de importância claramente inferior. Evidentemente, é possível se sustentar com certo vigor que o que moldou de maneira mais fundamental o mundo no pós-guerra foi uma decisão tomada quase no fim e não perto do começo da Segunda Guerra Mundial: a decisão de lançar bombas atômicas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. Mesmo aqui, porém, uma decisão anterior - a de construir a bomba atômica - seria necessária, decisão que remonta aos meses fatídicos de 1940 e 1941. Depois de trabalhos preliminares e um financiamento crescente da pesquisa após a queda da França no verão de 1940, cientistas americanos, ajudados pelas descobertas de físicos refugiados na Grã-Bretanha, estabeleceram, no outono de 1941, o arcabouço fundamental para construir uma bomba. A um custo enorme, e exigindo o envolvimento de um grande número dos mais talentosos cientistas americanos, o presidente Franklin Delano Roosevelt decidiu prosseguir com a sua construção no dia anterior àquele em que bombas japonesas choveram sobres as belonaves americanas ancoradas em Pearl Harbor. Sem essa decisão, a bomba não estaria disponível para o presidente Harry S. Truman usá-la nos dias finais da guerra, em agosto de 1945. Quando a incumbência de pesquisar uma bomba atômica foi dada, porém, seu uso final era, quando muito, uma visão distante. Cada decisão tratada nos capítulos seguintes teve conseqüências que permearam as decisões seguintes e subseqüentes. Então, assim como a história se desloca de um país para outro, existe uma seqüência lógica de fatos "secundários" e implicações além de um padrão cronológico se desenrolando. O livro abre com a decisão da Grã-Bretanha, em maio de 1940, de permanecer na guerra. Longe de ser a decisão óbvia, inevitável até, que os fatos subseqüentes (e alguns escritos históricos persuasivos) fizeram parecer, o Gabinete de Guerra analisou seriamente as opções por três dias, com o primeiro-ministro ainda tateando o terreno, o Exército britânico aparentemente perdido em Dunquerque, nenhuma perspectiva imediata de ajuda dos Estados Unidos e uma invasão alemã presumida como muito provável no futuro próximo. A decisão que acabou sendo tomada, de não tentar um acordo, teve conseqüências diretas e de longo alcance não só para a Grã-Bretanha, mas também para a Alemanha. Essa decisão, em particular, realmente colocou em risco toda a estratégia de guerra de Hitler. Com a Inglaterra se recusando a agir racionalmente (como ele a via), com a guerra no Ocidente inconclusa e com o espectro dos Estados Unidos no segundo plano, mas se aproximando cada vez mais do primeiro, Hitler sentiu-se compelido, ainda em julho de 1940, a começar os preparativos para arriscar uma guerra em duas frentes, com uma invasão da União Soviética no ano seguinte. Mas foi somente seis meses mais tarde que os planos de contingência se transformaram numa diretriz concreta de guerra. No ínterim, não houve um curso direto para a guerra russa. Mesmo Hitler parecia vacilante e inseguro. O período interveniente assistiu a uma gama de possibilidades estratégicas sendo exploradas, mas finalmente descartadas. Essas opções, as do verão e outono de 1940, vistas por trás da escrivaninha de Hitler e avaliadas pelos olhos de seus consultores, constituem o tema do capítulo 2. A extraordinária vitória alemã sobre a França e o percebido provável colapso da GrãBretanha alertaram a liderança japonesa para as oportunidades a serem exploradas sem demora com uma expansão no Sudeste da Ásia. No capítulo 3, a cena muda, portanto, para o Extremo Oriente, e para a decisão de avanço para o sul que inevitavelmente criaria o risco de um conflito com os Estados Unidos e pressagiava, portanto, o caminho para Pearl Harbor, efetivamente trilhado no ano seguinte. A rapidez da queda da França também teve conseqüências imediatas e de longo alcance na Europa. O capítulo seguinte analisa as escolhas que se colocaram para a liderança italiana quando Mussolini explorou a destruição da França para levar seu país à guerra, e aí mergulhou os Bálcãs num torvelinho com a desastrosa decisão de atacar a Grécia. A posição crucial dos Estados Unidos é explorada no capítulo 5; como Roosevelt ficou em cima do muro entre a opinião isolacionista e a pressão intervencionista, decidindo, no interesse próprio americano, não só ajudar a Grã-Bretanha com todos os meios possíveis exceto entrar na guerra mas também preparar, com a máxima presteza, um possível engajamento direto dos Estados Unidos na guerra. A isso se segue um capítulo tratando de um dos episódios mais intrigantes da guerra, com conseqüências quase fatais para a União Soviética: a decisão de Stálin de menosprezar todas as advertências e as descobertas explícitas de seu próprio serviço secreto de uma invasão alemã iminente, que deixou seu país despreparado e desorganizado quando o ataque veio em 22 de junho de 1941. Dali em diante, o caminho para uma guerra global foi curto, mas não sem novas reviravoltas. O capítulo 7 examina a decisão da organização americana de travar, de maneira provocativa, uma "guerra não declarada" no Atlântico, aproveitando a decisão de Hitler de não retaliar enquanto estava envolvido na Rússia, seguido (capítulo 8) por um exame da extraordinária decisão do Japão de atacar os Estados Unidos, apesar do pleno reconhecimento de que, no longo prazo, as chances de uma vitória final eram baixas se um nocaute imediato e total não fosse conseguido. Isso teve um impacto causal na decisão de Hitler de declarar guerra aos Estados Unidos, logo depois de Pearl Harbor, e há muito considerada uma das mais estranhas da Segunda Guerra Mundial. Com essa decisão, explorada no capítulo 9, o mundo se inflamou. Resta, contudo, examinar uma outra decisão - ou conjunto de decisões - de um tipo diferente, embora inextricavelmente ligado à guerra em si e intrínseca a ela: a decisão tomada gradual, mas inexoravelmente nos meses de verão e outono de 1941, de exterminar os judeus. O processo complexo da transição de ações genocidas, parciais e limitadas, ao genocídio total, um processo de impulsos entrelaçados do centro do regime nazista e suas agências "de campo" nos campos de extermínio da Europa oriental, desenrolando-se nos primeiros meses de 1942 para uma "solução final" em escala total, é abordado no último capítulo. No fim de 1941, dezenove meses depois do início da ofensiva alemã na Europa ocidental, o conflito havia se tornado global e genocida. A guerra, nessa conjuntura, era imprevisível. É verdade que o avanço alemão havia sido barrado pela primeira grande contra-ofensiva soviética, mas a Wehrmacht estava agüentando o pior que o Exército Vermelho e o feroz inverno russo lhe poderiam infligir (até ali) e logo começou a recobrar suas forças, decidida a fazer novas grandes incursões no outono de 1942. No Atlântico, os submarinos alemães encontrariam um êxito sem precedente na primeira metade de 1942. Durante algum tempo, os Aliados pareciam estar perdendo a guerra marítima. Na Europa e no Extremo Oriente, as potências do Eixo ainda tinham recursos econômicos vitais sob o seu controle. E, para grande e contínua irritação de Stálin, os anglo-americanos ainda estavam longe de abrir sua prometida segunda frente. A plena capacidade do poderio industrial dos Estados Unidos ainda não estava sendo convertida em armamentos numa escala para derrotar tanto a Alemanha como o Japão. Enquanto isso, as forças japonesas haviam feito progressos brutais no Extremo Oriente e, em fevereiro de 1942, viriam a conquistar Cingapura, vista desde havia muito como o baluarte da força britânica no Sudeste Asiático. O caminho para a conquista da Índia, o coração do Império Britânico, parecia se abrir. As potências do Eixo ainda pareciam estar na ascendente. Somente em retrospecto se pode notar que sua aposta colossal já estava à beira do fracasso, que elas haviam ido além de sua capacidade, e que, com o engajamento na disputa do poderio dos Estados Unidos, agora aliados à extraordinária tenacidade da União Soviética e à última grande demonstração de resistência da Grã-Bretanha e do Império Britânico, sua eventual derrota seria gradualmente assegurada. Para chegar ao ponto em que, em 1945, o suicídio de Hitler foi rapidamente seguido pela rendição de uma Alemanha devastada, e depois o Japão imperial foi espremido até a submissão, houve um longo e tortuoso caminho. Milhões de vidas se consumiriam no processo; a destruição grassou numa escala jamais conhecida na história. O fim estava distante, mas os caminhos até ele estavam traçados pelas decisões fatídicas tomadas em 1940 e 1941.