![](https://cdl-static.s3-sa-east-1.amazonaws.com/blog/artigo/6832/thumbnail/mauricio-santana-dias-apresenta-bambino-a-roma-novo-livro-de-chico-buarque-trata-se-de-um-duplo-retorno-ao-passado.png)
Mauricio Santana Dias apresenta “Bambino a Roma”, novo livro de Chico Buarque: “Trata-se de um duplo retorno ao passado”
O consagrado tradutor e professor fala sobre o novo romance de Chico, que mistura ficção às memórias da infância do autor
Por Juan Pablo Villalobos
Foto: Moggi Interactive
Eu já conheci muito escritor na minha vida. Muito. Talvez demais. Conheci escritor pós-moderno. Vesgo. Policial. Flamenguista. Canhoto. Norueguês. Socialite-socialista. Conheci até escritor que não escrevia. Juro. E conheci o cara que escrevia os livros do escritor que não escrevia. É um mundo muito diverso. Mas todos os escritores do mundo inteiro, e até do universo, acho, têm uma coisa em comum. Só uma. Uminha. Todos são hipocondríacos. Lembro de uma vez que fui para um festival literário no interior do Paraná e eu estava com uma crise de sinusite. No jantar depois da apresentação fiquei conversando com um escritor brasileiro que tinha uma crise de rinite sobre a relação da densidade e dos níveis de liquidez da meleca com o tipo de alergia. Outra vez, na Inglaterra, passei duas horas conversando sobre doenças do fígado com um autor indiano finalista do Booker (a gente estava bêbado). Os rins também são um tema favorito, especialmente entre os autores mexicanos. Pedras no rim, melhor ainda. E câncer, lógico. Escritor alemão adora falar em câncer. Por isso fiquei abismado quando percebi, aterrorizado, que NENHUMA feira do livro e NENHUM festival literário tinha uma guia, regulamento ou manual de reanimação de escritores. Já imaginou? O que você faria, caro leitor, se estivesse no lançamento de um livro e o autor tivesse, nesse momento, um chilique? Sim, eu sei a resposta simples: perguntar se tem um médico no público, chamar uma ambulância, deixar espaço para ele respirar, fazer a manobra de Heimlich se o coitado se engasgou com o gelo do whisky etc. Mas a questão não é tão simples, não. Você tem certeza de que é preciso reanimar o cara? Eu não. Nem sempre. Tem bastantes situações ambíguas que implicam grandes dilemas morais. Por isso tomei a iniciativa de criar o primeiro GUIA DE REANIMAÇÃO DE ESCRITORES PARA USO DOS LEITORES EM FEIRAS DO LIVRO E FESTIVAIS LITERÁRIOS. O uso do guia é muito simples, só é preciso analisar a tipologia do escritor e a situação ou contexto para determinar o que tem que fazer.
>
CLÁUSULA ADICIONAL: GUIA PARA PEDIR AUTÓGRAFO DURANTE CHILIQUE DO ESCRITOR.
>
>
>
Tradução do portunhol para o português por Andreia Moroni.
>
Juan Pablo Villalobos nasceu em Guadalajara, México, e morou alguns anos no Brasil. É autor de Festa no covil, Se vivêssemos em um lugar normal e Te vendo um cachorro, publicados pela Companhia das Letras e traduzidos em quinze países. Ele colabora para o blog com uma coluna mensal. Twitter
>
O consagrado tradutor e professor fala sobre o novo romance de Chico, que mistura ficção às memórias da infância do autor
Depois de uma estreia premiada com o romance “A palavra que resta”, Stênio Gardel compartilha os bastidores de “Bento vento tempo”, seu primeiro livro ilustrado
Companhia das Letras é a editora brasileira com mais títulos presentes na lista, com 31 livros