O que Obama leu durante a Presidência

19/01/2017



Os oitos anos que Barack Obama ficou na Presidência dos Estados Unidos foram marcados por muitas leituras. O presidente, que deixa a Casa Branca no dia 20 de janeiro, ressaltou que "os livros foram fonte de ideias e inspiração, ajudando a apreciar as complexidades e ambiguidades da condição humana". A declaração foi dada a Michiko Kakutani, uma das mais respeitadas críticas literárias, jornalista do New York Times.

Fizemos uma seleção dos livros do Grupo Companhia das Letras lidos por Obama durante esses anos:

Entre o mundo e eu, de Ta-Nehisi Coates
Ta-Nehisi Coates é um jornalista americano que trabalha com a questão racial em seu país desde que escolheu sua profissão. Filho de militantes do movimento negro, Coates sempre se questionou sobre o lugar que é relegado ao negro na sociedade. Em 2014, quando o racismo voltou a ser debatido com força nos Estados Unidos, Coates escreveu uma carta ao filho adolescente e compartilha, por meio de uma série de experiências reveladoras, seu despertar para a verdade em relação a seu lugar no mundo e uma série de questionamentos sobre o que é ser negro na América. 

Omeros, de Derek Walcott
Poeta mulato das Antilhas, prêmio Nobel de literatura de 1992, Derek Walcott escreveu um poema destinado a permanecer entre os mais belos e instigantes deste século. Em Omeros, se o mar e os negros pescadores de Santa Lucia fornecem a matéria-prima, um vasto arsenal de imagens, ritmos e texturas tropicais, são os arquétipos da Ilíada e da Odisseia, as personagens míticas de Aquiles, Helena, Heitor e Filoctete (além do próprio Homero, encarnado num pescador cego, de nome Sete Mares), que definem as linhas mestras do poema. Misto de poesia, mito, romance e roteiro de cinema, Omeros é também uma meditação sobre questões cruciais do mundo contemporâneo.

O décimo primeiro mandamento, de Abraham Verghese
Depois de se conhecerem no navio que os levou da Índia para o Iêmen, o médico inglês Thomas Stone e a freira carmelita Mary Joseph Praise se reencontram num hospital em Adis Abeba, capital da Etiópia. Da união proibida entre os dois, nasce um par de gêmeos unidos pela cabeça, e operados em seguida. Para completar o cenário dramático, a mãe morre no parto e o pai desaparece no mundo, deixando os meninos nas mãos de um casal de médicos missionários. Comparado aos grandes romancistas do século XIX, Verghese esbanja talento ao costurar literatura e medicina numa trama apaixonante e impossível de largar, como mostram os milhares de livros vendidos.

Quente, plano e lotado, de Thomas L Friedman
Em Quente, plano e lotado, Friedman lança também um desafio aos Estados Unidos, para que liderem a revolução energética. Mas ele prevê que os BRIC - países em desenvolvimento acelerado, como Brasil, Rússia, Índia e China - também podem inovar, liderar e lucrar. Ele discute, por exemplo, como será a fazenda brasileira "inteligente" do futuro e os desafios e as lições da China, que conseguiu banir sacos plásticos de um dia para o outro. Corajoso e inovador, o livro traz uma noção singular dos desafios para o futuro.

A mulher foge, de David Grossman
Por temer receber a notícia da morte do filho, que serve no exército, Orah foge para o norte de Israel, levando consigo Avram, um amigo e antigo amante que conheceu quando jovem no setor de isolamento de um hospital e que, mais tarde, foi severamente torturado pelos egípcios na guerra de Yom Kipur, em 1973. A consequência dessa experiência, para ele, foi uma vida inteira de negação, frustração e niilismo. É no limite de Israel e no limite de si mesmos que Orah e Avram descobrem um ao outro, a si próprios e a sua condição de israelenses irreversivelmente exilados.

O que é o quê, de Dave Eggers
Verdadeiro épico de privações e provações inacreditáveis, O que é o quê narra a história de Valentino Achak Deng, nascido em Mairal Bai, no sudoeste do Sudão. Sobrevivente do ataque que dizimou sua família e seus amigos, Valentino se lança numa fuga desesperada rumo à Etiópia aos sete anos. Logo encontra um grupo de meninos perdidos, com quem percorre mais de mil quilômetros a pé, em geral à noite, para escapar dos bombardeios e do ataque das milícias. Depois de três anos num campo de refugiados etíope e dez num campo queniano, emigra em 2001 para os Estados Unidos e conhece Dave Eggers, que transforma sua história em livro.

Terras baixas, de Joseph O’Neill
No início de 2006, Chuck Ramkissoon é encontrado morto nas profundezas de um canal em Nova York. Em Londres, o jovem executivo holandês Hans van den Broek fica sabendo da notícia e passa a rememorar sua improvável amizade com esse homem enigmático, original de Trinidad, que tentava ganhar a vida em Nova York das mais diferentes formas. Era uma amizade que floresceu num momento difícil da vida de Hans. Sua mulher Rachel o havia deixado logo após 11 de setembro, levando com ela seu filho pequeno, e ele não via perspectivas para o futuro. Perdido em um país que considerava seu novo lar, Hans acabou encontrando conforto de uma forma inusitada: participando de um pequeno clube de críquete - esporte que ele praticara quando criança - formado apenas por estrangeiros da Ásia e das Antilhas.

Compartilhe:

Veja também

Voltar ao blog