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Mauricio Santana Dias apresenta “Bambino a Roma”, novo livro de Chico Buarque: “Trata-se de um duplo retorno ao passado”
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Por Guilherme Ginane
No livro Escritos e reflexões sobre arte, Henri Matisse explica como foram suas experiências com ilustrações de obras literárias: “O artista plástico, para tirar o melhor partido de seus dons, deve cuidar para não se prender demais ao texto. Pelo contrário, ele deve trabalhar em liberdade, sua sensibilidade se enriquecendo no contato com o poeta (escritor) que ilustrará” (...) “O pintor e o escritor devem atuar juntos, sem confusão, mas em paralelo. O desenho (pintura) deve ser um equivalente plástico”.
Três meses antes da publicação do seu novo romance, A noite da espera, Milton Hatoum entrou em contato comigo fazendo o convite para que eu elaborasse uma pintura exclusivamente para a capa do livro. Sou leitor do autor, porém, o desafio de fazer uma pintura que iria ilustrar sua obra não poderia estar vinculado somente ao meu contato pessoal com seus escritos anteriores.
Pedi então à Companhia das Letras que me enviasse o manuscrito do livro. Assim que o recebi, dei início ao processo de concepção da pintura, que não se deu de maneira linear como imaginei acontecer. Nos primeiros dias de leitura, as tentativas de encontrar o motivo da pintura vieram de forma superficial. Era a comprovação prática da explanação posta por Matisse.
Foi só quando cheguei à metade da segunda leitura do livro, e depois de investidas frustrantes com base nos temas sugeridos a cada página, que um diálogo franco foi se abrindo entre o que o livro me oferecia (no sentido sensível/psicológico) e minhas buscas no campo pictórico. A essa altura eu já estava conseguindo fazer com que os meios empregados para a construção da pintura se juntassem ao caráter de transição e memória que A noite da espera propõe.
A solidão do protagonista Martim, sua angústia de viver em uma transitoriedade constante, a distorção temporal da narrativa, o bote, o remo e o lago entraram de vez no ateliê apontando para a mesma direção que a minha pesquisa pictórica. O resultado é este ensaio de cinco pinturas em óleo sobre papel.
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Guilherme Ginane nasceu no Rio de Janeiro, em 1980, vive e trabalha em São Paulo. É formado em Comunicação Social pela Universidade Gama Filho e em Artes pela Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro. Também realizou acompanhamento com o artista Paulo Pasta, de 2010 a 2013. Realizou sua primeira exposição individual na Galeria Millan, em São Paulo (2017), e participou da coletiva Desassossego, que reuniu jovens artistas a convite de pintores consolidados na Galeria Estação, também em São Paulo (2017). Além dela, também participou de exposições coletivas no Pivô (2016), no Museu de Arte de Ribeirão Preto (2015) e na Galeria Marcelo Guarnieri (2014). Participou do Salão de Arte de Ribeirão Preto, em 2014 e 2013, e realizou residência artística no Pivô entre 2015 e 2016. Suas obras integram o Instituto Figueiredo Ferraz, em Ribeirão Preto.
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