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Mauricio Santana Dias apresenta “Bambino a Roma”, novo livro de Chico Buarque: “Trata-se de um duplo retorno ao passado”
O consagrado tradutor e professor fala sobre o novo romance de Chico, que mistura ficção às memórias da infância do autor
Ontem, dia 11, a Associação Paulista de Críticos de Artes anunciou os vencedores do Prêmio APCA 2017. Com categorias como arquitetura, artes visuais, cinema, dança, teatro, rádio e televeisão, entre outras, o prêmio também escolhe o melhor da literatura no ano. Lilia Moritz Schwarcz foi a vencedora na categoria Biografia/Autobiografia/Memória, com Lima Barreto: Triste visionário, e Sérgio Sant'Anna venceu em Contos/Crônicas com Anjo noturno.
Os mais de dez anos de pesquisa sobre a vida e a obra de Lima Barreto resultaram na biografia Lima Barreto: Triste visionário, em que Lilia Moritz Schwarcz investiga as origens, a trajetória e o destino do escritor carioca sob a ótica racial no Rio de Janeiro da Primeira República. Esta, que é a mais completa biografia de Lima Barreto desde o trabalho pioneiro de Francisco de Assis Barbosa, lançado em 1952, resulta da apaixonada intimidade de Schwarcz com o criador de Policarpo Quaresma - e de um olhar aguçado que busca compreender a trajetória do biografado a partir da questão racial, ainda pouco discutida nos trabalhos sobre sua vida. Abarcando a íntegra dos livros e publicações na imprensa, além dos diários e de outros papéis pessoais de Lima Barreto, muitos deles inéditos, a autora equilibra o rigor interpretativo com uma rara sensibilidade para as sutilezas que temperam as relações entre contexto biográfico e criação literária. Escritor militante, como ele mesmo se definia, Lima Barreto professou ideias políticas e sociais à frente de seu tempo, com críticas contundentes ao racismo (que sentiu na própria pele) e outras mazelas crônicas da sociedade brasileira.
Anjo noturno, livro mais recente de Sérgio Sant'Anna, reúne nove contos que se debruçam sobre a nostalgia, a morte, o desejo carnal, o amor e a solidão. O conto “Talk show” narra a participação de um escritor em um programa de auditório, numa sucessão de situações embaraçosas e eletrizantes que se desenrolam tanto no palco quanto nos bastidores. Já em “Augusta”, o autor relata o encontro entre um professor universitário e uma produtora musical numa festa em Copacabana. A mesma atmosfera lasciva marca outras narrativas, como “Um conto límpido e obscuro”, em que o narrador recebe a visita inesperada de uma amiga artista plástica com quem não tem relações amorosas há cerca de dois anos. Nesse universo de tensão entre desejo e profunda solidão, a prosa de Sérgio Sant’Anna percorre com engenhosidade e maestria as memórias e os anseios do escritor.
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