Como trabalhar a empatia em sala de aula?

05/06/2018

É a fabulação que nos permite a conexão com questões difíceis da humanidade. Assim acredita Tonia Casarin, que estudou o desenvolvimento das competências socioemocionais, tema de seu mestrado na Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, em 2013. A professora, que realiza projetos de educação digital em parceria com a Universidade de Stanford, afirma que a literatura é fundamental para desenvolver a empatia das crianças, habilidade de compreender os sentimentos, desejos e ideias de outras pessoas ou grupos.

A pesquisadora defende a teoria de que o início do autoconhecimento é saber acolher e nomear as emoções sentidas. E é quando conseguimos entender esses sentimentos que eles nos afetam como seres sociais: “Você saber quem você é, o que você sente, como aquilo o afeta faz com que entenda os sentimentos alheios, o que eu sentiria no lugar do outro. É o primeiro passo para ajudar o outro e construir relações”.

 

Ilustração Marcelo Tolentino

 

Ela conta que o desenvolvimento das competências socioemocionais está relacionado não apenas com a empatia, mas com outras habilidades a serem desenvolvidas nas crianças. “Percebia que algumas competências como comunicação, empatia, trabalho em equipe, regular as minhas emoções, ter inteligência emocional, tudo isso ninguém ensinava.” Foi quando decidiu criar um curso de formação de professores, para ensiná-los a trabalhar essas questões com as crianças.

+ O que a meditação pode fazer pelas crianças

A leitura logo surgiu como forma de despertar o desenvolvimento empático da criança. “O professor pode fazer uma pergunta como ‘o que você acha que o personagem sentiu quando aconteceu isso?,  ou ‘como você acha que o personagem poderia resolver o conflito de outra forma?’. São formas de você ajudar a integrar [o tema] no currículo de forma que faça mais sentido para a criança”, explica.

Uma crítica da pesquisadora ao modo como esse tema tem sido abordado nas escolas, aliás, é em relação ao programas “apostilados”, “um grande sistema de ensino socioemocional”. Em contraposição a isso, Tonia defende que cada professor tenha a liberdade de decidir as atividades que atendam às necessidades da sua turma de alunos. Ela explica que muitas intervenções realizadas pelos professores em sala de aula já trabalham essas competências, mesmo que eles não saibam disso. Um exemplo seriam os combinados feitos em sala de aula, formas de “endereçar competências socioemocionais” de uma forma explícita aos alunos.

Ela lembra da importância dos pais nesse processo. “O primeiro passo é você estabelecer um ambiente seguro em casa, em que a criança sabe que pode refletir aqueles comportamentos, mas também que as emoções das crianças são acolhidas, que pode chorar, a gente pode ter medo porque todo mundo tem.” Também sugere que os pais falem desses sentimentos com as crianças: “Parece bobo, mas ajudar a criança a nomear o que está sentindo já alivia. Sente que naquele ambiente é compreendida, que as pessoas entendem o que está se passando com ela.”

 

Leia mais:

+ O livro como espelho de um mundo diverso

+ "Inclusão com i maiúsculo"

+ Os meninos precisam falar sobre o que sentem

Compartilhe:

Veja também

Voltar ao blog