Hoje é sexta-feira 13, uma data associada ao medo, ao susto, ao sobrenatural -- ainda que só na nossa imaginação. Esses momentos de experimentar um certo "medo controlado" a partir de livros de medo histórias assustadoras é muito saudável, tanto para adultos quanto (principalmente) para as crianças.
Protetor das matas, o Curupira é o ser folclórico brasileiro mais antigo: o primeiro registro de sua lenda é ainda dos anos 1500! Nesta aventura, ele está envolvido num suspense policial de arrepiar os cabelos. Imagem: Procura-se o curupira, de Alexandre de Castro Gomes (texto) e Cris Alhadeff (ilustrações)
Desde nossos antepassados, que se reuniam diante da fogueira para contar "causos" assustadores, já ficava evidente o prazer que a gente sente em "passar medo" em um ambiente familiar, afetivo e controlado, ou seja, seguro, e a partir de histórias fantásticas...
A importância de experimentar esses momentos é tão grande, que até hoje ainda temos esse hábito, mesmo que adaptados às nossas condições de vida atual. Quem não se lembra de uma história assustadora contada por um tia, avó, por um vizinhoo Dos casos de família "segredados" nas festass Ou dos livros e filmes de medo lidos ou assistidos em grupo, no escuro (da sala ou do cinema) para "pesar" o climaa??
Assim, "trabalhamos" essa emoção, poderosa e constituinte da nossa psicologia, e amadurecemos emocionalmente para lidar com as situações reais e concretas em que, de fato, ficamos assustados.
Por que as crianças gostam de livros de medo
Justamente é esse o motivo pelo qual as crianças pequenas gostam tanto de livros de medo -- e até riem deles. Porque elas também precisam elaborar tudo aquilo que assusta. E, na infância, muitas são as coisas assustadoras, inclusive os sentimentos.
Há muito o que "trabalhar". Talvez por isso o livro
Bruxa, bruxa, venha à minha festa seja um dos nossos títulos preferidos.
Muitos adultos acham assustadoras as ilustrações hiper realistas de Pat Ludlow. Mas as crianças costumam gostar, justamente porque elas permitem lidar com o que é feio e amedrontador, mas não é de verdade. Está ali, no papel. As crianças podem brincar, rir delas, virar e desvirar as páginas e, ao final do livro, reforçar que toda aquela feiúra era só fantasia - literalmente...
Em entrevista ao Blog da Brinque, a pedagoga e formadora de professores Edi Fonseca contou para a gente que, para um pequeno leitor, nada melhor que experimentar o medo no colo do pai, da mãe, do avô, de um adulto querido ou referência.
3 livros de medo para uma sexta-feira 13
Pensando nisso, selecionamos aqui três obras de arrepiar os cabelos, envolvendo mistério, aventura, seres sobrenaturais e um sustinho. Trouxemos dicas em todas as faixas etárias, dos bebês aos leitores mais experientes, acima de 8 anos.
Autor: Ed Emberley
Ilustrador: Ed Emberley
Tradutora: Gilda de Aquino
Temas: Ética / Conto / Seres fantásticos / Imaginação / Cores / Formas / Medo
Faixa Etária: A partir de 2 anos
Esse é para os bem pequenos. Nessa obra já clássica, a história é totalmente interativa e tátil: o pequeno leitor, ao virar as páginas, é quem vai dando vida ao monstro verde -- que tem uma cara bem engraçada. Depois, o próprio leitor é convidado a mandar o feioso embora, dando "tchau" a todas as características que ele mesmo colocou.
Esse monstro irreverente só aparece se a criança quiser. E desaparece assim também! Imagem: Vai embora, grande monstro verde!, de Ed Emberley
Como as crianças nessa faixa etária adoram uma repetição e uma brincadeira, o livro termina convidando a criança a recomeçar o divertido monta-desmonta do monstro verde. Risos garantidos e uma sensação boa de que, sim, é possível lidar com os monstros e mandá-los embora quando a gente quiser.
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Autora: Joanna Harrison
Ilustradora: Joanna Harrison
Tradutora: Gilda de Aquino
Temas: Ética / Conto / Humanos / Boas maneiras / Imaginação / Dia das Mães (2º Domingo de Maio) / Cooperação / Obediência
Faixa Etária: A partir de 3 anos
Essa é a história de uma mãe atarefada, que vai receber visitas e precisa que os filhos arrumem um pouco da confusão que fizeram. Os pequenos, por outro lado, só querem mesmo é saber de brincar. A mãe vai ficando brava, brava, brava e... bom, vira um monstro.
Os monstros, às vezes, se manifestam dentro de nós, são nossas próprias emoções, não é mesmos Imagem: Quando mamãe virou um monstro, de Joanna Harrison
Além de divertido, o livro coloca diante de nós --adultos e crianças-- uma situação conhecida, com a qual é fácil se identificar e, por isso mesmo, rir! Mas não é só isso: a obra ainda coloca para os pequenos uma questão importante,
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Autor: Alexandre de Castro Gomes
Ilustradora: Cris Alhadeff
Temas: Folclore / Suspense / Humor / Dia do Folclore (22 de Agosto)
Faixa Etária: A partir de 8 anos
Você já se perguntou por que as personagens do nosso folclore ainda estão tão vivas no nosso imaginário, mesmo com tantas outras personagens que chegam até nós por séries, livros, filmes, HQs, TVs
O fenômeno se fortalece ainda mais se levarmos em conta séries brasileiras como
Cidade invisível, com excelente elenco e exibida pela
Netflix, tendo seu enredo todo baseado nos seres que povoam nosso rico imaginário popular.
Parte desse encanto vem, sem dúvida, da riqueza e da complexidade das nossas histórias orais, que continuam sendo contadas e que, mais que isso, ainda revelam muito do nosso inconsciente como povo.
Então fica o convite para apresentar e ler para as filhas e filhos mais crescidos um livro de aventura e suspense, com personagens super atuais e cativantes, uma dose certeira de humor e muitas figuras saídas direto do imaginário do povo brasileiro. Tudo com uma linguagem fluida e gostosa de ler, além de ilustrações que trazem informações importantes sobre as figuras que aparecem nesse novo romance policial juvenil.
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E
vocêr De que histórias de medo e susto lembrae