
Jacques Fux e as biografias literárias: “a ficção pode colocar o dedo na realidade”
A sambista carioca Dona Ivone Lara é a mais nova biografada do escritor e psicanalista Jacques Fux, autor de Mary Anning e o Pum dos dinossauros
O tema da redação do Enem 2024 foi 'Desafios para a valorização da herança africana no Brasil'. E a literatura pode ajudar desde cedo a conhecer e preservar a riqueza da cultura africana, a celebrar os traços e a beleza do povo negro e a dar o devido reconhecimento a heróis e heroínas de verdade, que muitas vezes acabam esquecidos ou relegados a um segundo plano pelos livros de História. Mais do que combater preconceitos, em um país onde o racismo é uma questão estrutural, conhecer e reconhecer a cultura negra é urgente.
Nesta lista, reunimos biografias, histórias que invocam memórias e afetos que fazem parte da identidade negra e obras que fazem verdadeiros manifestos ao legado afrobrasileiro no Brasil. Confira:
Dos versos de uma canção para as páginas do livro, esta história-manifesto ganhou ilustrações com cores fortes e atmosfera vibrante. Tudo isso para exaltar as feições características da negritude - do cabelo pixaim aos lábios grossos, um ode à beleza em cada traço. Esta obra é parte da Coleção Canoa, que oferece literatura de qualidade a preços acessíveis.
A coletânea apresentada neste livro reúne histórias de princesas e príncipes africanos, os verdadeiros ascendentes dos negros do Brasil. Entre dramas e aventuras, guerras e mistérios, acompanhamos as jornadas de crescimento dos personagens, suas virtudes e suas consquistas, que podem inspirar leitores a partir dos seis anos. Os contos foram ilustrados pelo artista pernambucano Ayodê França.
As heranças dissolvidas nas pequenezas do cotidiano são celebradas neste livro que invoca memória e afeto. As cantigas que o pai cantava, o cheiro do angu, a moringa de voinha que é voz que evoca todas essas lembranças. Uma simples moringa, um jarro feito de barro, nesta narrativa sensível se torna a guardiã da ancestralidade de uma família.
Inspiradora. Ousada. Versátil. Cheia de Coragem. Raquel Trindade (1936-2018) é uma artista multidisciplinar que se consolidou como guardiã e promotora da cultura negra popular. Além de artista plástica, dançarina, coreógrafa e ensaísta, fundou o Teatro Popular Solano Trindade, em Embu das Artes, e participou da fundação do Maracatu Nação Kambinda, onde ganhou o apelido de Rainha Kambinda. Uma biografia para inspirar a resistência da negritude através do poder da arte.
A biografia da grande dama do samba, primeira mulher a assinar um samba-enredo, é contada em paralelo com a evolução do próprio ritmo que a tornou conhecida. Como cantora e compositora, Dona Ivone Lara (1921-1918) abriu caminho para que mais mulheres pudessem se juntar à roda de samba, se consolidando como uma das grandes personalidades da música brasileira. Com humor, conhecemos a trajetória dessa figura tão querida por outros artistas, desde a infância até se consolidar referência na música para muitas gerações. Mas não só: ela também foi uma figura importante na luta antimanicomial no Brasil, trabalhando em con junto com Nise da Silveira.
Líder da resistência ao apartheid na África do Sul, Nelson Mandela (1913-2013) ficou preso por 27 anos e depois tornou-se o primeiro presidentes negro de seu país. Nesta biografia, conhecemos a história deste grande homem, que se tornou símbolo de paz e de luta por um mundo mais justo.
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Tayó significa “da alegria” em iorubá. Com seu cabelo black power - que faz com ela chegue mais perto do céu! - a menina é inspiração para que a nova geração cresça tão empoderada e orgulhosa quanto ela. Com apenas seis anos, Tayó já sabe que não há limites para o que ela pode conquistar e nas histórias em quadrinhos reunidas neste livro, ela mostra como cada criança pode fazer a diferença.
Uma menina com a cabeça cheia de pensamentos tem uma grande revelação em um despretensioso passeio ao pomar… tudo por causa de uma frutinha pequena e pretinha - como ela! A narrativa inspirada na música de Emicida invoca grande heróis negros como Martin Luther King e Mohamad Ali, honrando a força e o poder daqueles que vieram antes e honrando seu legado.
Reunindo ilustrações de 19 artistas diferentes - Dapo Adeola, Alyissa Johnson, Sharee Miller, Jade Orlando, Diane Ewen, Reggie Brown, Lhaiza Morena, Onyinye Iwu, Chanté Timothy, Gladys Jose, Bex Glendining, Joelle Avelino, Dunni Mustapha, Nicole Miles, Charlot Kristensen, Kingsley Nebechi, Camilla Sucre, Derick Brooks, Jobe Anderson e Selom Sunu - este livro diz tudo o que qualquer criança negra deveria crescer ouvindo. Uma obra para ler e reler muitas vezes, para alimentar a coragem e a esperança em um futuro melhor.
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Criadoras do conceito de Literatura Negro-brasileira do Encantamento Infantil e Juvenil e Literatura Negro-afetiva, as autoras são precursoras da literatura infantil afrocentrada. Aqui, uma entrevista a outra
Escrito a partir de vivências afetivas, “Minha vó ia ao cinema”, de Paula Marconi de Lima, resgata infância de sua avó e mostra a vida de interior de uma geração de mulheres. Confira a entrevista com Paula e a ilustradora Lumina Pirilampus