
19 frases da Chimamanda para inspirar todas as pessoas a ser feministas
Confira trechos do livro "Sejamos todos feministas", em versão ilustrada para crianças e jovens, e de outros livros da autora nigeriana que escreve sobre raça e gênero
Uma educação antirracista vai além combater qualquer forma de discriminação. Vai além de realizar ações pontuais no dia a dia escolar, por exemplo - que costumam acontecer na semana da Consciência Negra. É combate à prática de reduzir a história do negro no Brasil à escravidão. É pensar um projeto pedagógico, um projeto de vida com questionamentos para as relações étnico-raciais.
Uma educação antirracista deve começar desde cedo. Ilustrações de Ei, você (Companhia das Letrinhas, 2021)
Uma educação verdadeiramente antirracista trata de entender as consequências do racismo estrutural, de resgatar e prestigiar a cultura africana e afro-brasileira, de enaltecer as histórias e o protagonismo negro no Brasil. E os livros têm um papel fundamental nessa missão, apresentando personagens fortes e orgulhosos de seus corpos, de suas reflexões e suas ancestralidades, introduzindo narrativas que desafiam a lógica eurocêntrica e que abordam preconceitos com delicadeza e complexidade, na linguagem da arte. E é possível pensar tudo isso focado para cada idade, sim.
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Para uma educação verdadeiramente antirracista, que seja consistente e constante, separamos livros que dialogam com faixas etárias diferentes, abordando a beleza da diversidade e ressaltando a necessidade trazer estas questões para todas as crianças e infâncias desde cedo. Confira:
Quantas vezes a infância de crianças negras é representada? Neste livro, os protagonistas são dois irmãos: Lipe e Tuca. E como irmãos, eles têm vontades diferentes, jeitos diferentes e gostos diferentes. Mas como equilibrar tudo isso quando estão juntos? Uma história sensível em que dois meninos negros dialogam com crianças de todas as raças por meio de gestos e sentimentos.
O que acontece quando vários ilustradores se reúnem para criar uma obra poderosa, que leva mensagens de confiança, esperança e orgulho? Este livro reúne 19 artistas, que ilustram o texto potente do britânico Dapo Adeola, que tem origem nigeriana, e diz tudo o que toda criança negra deveria ter crescido ouvindo. Na versão brasileira, a artista Lhaiza Morena tem uma dupla somente com desenhos dela, e que fazem referências a pessoas importantíssimas como Elza Soares e Conceição Evaristo.
Primeiro livro infantil da consagrada autora nigeriana, esta história sensível gira em torno do lenço, um objeto simbólico e ao mesmo tempo afetivo, tão representativo da cultura africana, com seus turbantes e estampas características. O lenço fala da ligação entre mãe e filha, mas invoca a ancestralidade, na importância do cuidado e das tradições transmitidas de geração em geração.
Publicado em 1962, nos Estados Unidos, em uma época de ebulição do Movimento pelos Direitos Civis, este livro se tornou um marco. Ele mostra a história de Peter, um menino negro que está curioso e empolgado em explorar a paisagem lá fora: que está coberta de neve! Dar protagonismo a um menino negro, brincando na rua, abriu as portas para a representação de outras infâncias possíveis na literatura. E fez com que esta obra fosse considerada revolucionária, ao desenhar um cenário multicultural, no qual até as ilustrações são feitas com colagens de tecidos trazidos de várias partes do mundo.
O baobá é conhecido como “árvore da vida” e é também símbolo da resistência negra no Brasil. É também o protagonista desta história comovente, que remete ao reencontro com as origens africanas em uma metáfora sensível sobre a diáspora negra. Na história, o baobá decide cruzar o oceano em busca de seus descendentes, honrando a trajetória de todos aqueles que cruzaram os mares e se surpreendendo com encontros emocionantes.
Este livro começou com uma canção, que é de certa forma um hino aos traços característicos da negritude. E ganhou ilustrações vibrantes, que ecoam a potência e a beleza de valorizar cada detalhe - a começar do cabelo que é pixaim, sim, e brilha como o sol!
A infância compartilhada por duas irmãs, cheia de afeto e liberdade, ganha ares de sonho quando se torna memória. Com ilustrações sensíveis, somos levados às lembranças vividas em um quintal que poderia ser um mundo inteiro, marcado por elementos que identificam uma geração e fazem parte da memória coletiva.
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O menino Moussa é acordado por uma tempestade de areia. E ganha do vento uma folha de papel que faz brotar um desejo imediato: escrever ao pai que mora longe. O menino quer lembrá-lo do povoado deles, Thille Boubacar, no Senegal, para aplacar a saudade. Mas se depara com o desafio de registrar na folha em branco as sutilezas que marcam seu cotidiano. O que desenhar? a saga do menino resgata o poder das tradições e da cultura de todo uma aldeia, que repousa no cheiros, nos sons, no vestido que a mãe usa para ir ao mercado.
Inspirada na música homônima de Emicida, esta narrativa celebra a grandeza dos pensamentos mais puros que podem surgir na cabeça das crianças. Em uma visita ao pomar, Estela chega a uma conclusão incrível, que celebra a cor de sua pele e faz brotar o orgulho de toda a sua ancestralidade.
Com poesia, conhecemos a história de uma menina que teme o escuro. E que quando a noite chega, não consegue pegar no sono. O que ela não sabia é que do outro lado, na escuridão, é a luz que provoca temor. Com poesia, somos conduzidos por uma narrativa surpreendente, que mostra como a origem de todo medo - e de todo preconceito - repousa no que não conhecemos.
Dumazi, uma menina zulu, está prestes a ser devorada por um leão! Ela até tenta pedir ajuda para outros animais, mas nenhum deles quer salvá-la. Para que poupar a menina do leão se os seres humanos têm feito tanto mal à natureza? Um conto contemporâneo para refletir sobre as consequências de nossas ações no planeta e na relação com outros seres.
Ela é forte, confiante, orgulhosa. Tayó é o nome da menina que protagonista as pequenas histórias em quadrinhos que compõem este livro. Com sua capacidade de chegar a conclusões afiadas, Tayó apresenta aos pequenos leitores conceitos como diversidade, identidade e empoderamento - termos essenciais para introduzir o combate ao racismo.
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Orion é um menino com dois pais. Na escola, quando a professora pede para que as crianças façam um trabalho, o garoto escolhe as mãos para contar a história de sua família. Ao sofrer com os comentários maldosos dos colegas, Orion se fortalece em todo o amor que recebe e que lhe dá ânimo para combater preconceitos.
O discurso que a consagrada escritora nigeriana fez em um TEDX em 2016, e que virou livro, ganha ilustrações nesta edição caprichada. Do ponto de vista de uma mulher negra, que é também um dos nomes mais proeminentes da literatura contemporânea, Chimamanda defende que a cultura é construída e que o feminismo, assim como qualquer tipo de desigualdade, é da responsabilidade de todos.
Quando o menino Bruno resolve jogar búzios para descobrir o que o destino lhe reserva, ele é surpreendido por uma revelação macabra: a morte está próxima. Não há dúvidas: Icu, que em iorubá é a palavra para morte, está bem atrás de Bruno. A partir de então, o garoto passa o dia no terreiro, explorando os mistérios e orixás que envolvem o além.
Confira trechos do livro "Sejamos todos feministas", em versão ilustrada para crianças e jovens, e de outros livros da autora nigeriana que escreve sobre raça e gênero
Especialistas e autores de livros para as infâncias refletem sobre o que é necessário para trazer o assunto como uma realidade permanente nas salas de aula e, consequentemente, uma potente transformação social
Histórias indígenas, africanas, asiáticas...há cada vez mais espaço para formatos e lógicas que não se adequam às narrativas eurocênticas