25 frases marcantes da Jornada Pedagógica 2025

17/04/2025


A Jornada Pedagógica, organizada pela Companhia na Educação, é sempre uma oportunidade para refletir, aprender e discutir sobre temas relevantes para a literatura e para toda a escola. A Jornada Pedagógica 2025, 6ª edição do evento, contou com sete mesas diferentes para tentar responder a uma questão central: “a escola forma leitores?”

Com base nos resultados da última edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, que revelou que pela primeira vez em nosso país temos uma maioria de não-leitores, cada uma das mesas abordou um tema relacionado ao papel da escola na formação para a leitura. As discussões abordaram o uso de ferramentas digitais, as competências estipuladas na BNCC, a Base Nacional Comum Curricular, a formação necessária ao professor como leitor e também mediador, dentre muitas outras pautas.

Fizemos uma seleção de frases e reflexões que marcaram os debates e que, de certa forma, resumem os principais pontos da Jornada Pedagógica de 2025. Confira:


LEIA MAIS: Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil: não-leitores são maioria no Brasil pela primeira vez

 

Jornada Pedagógica 2025: 25 frases para lembrar

 

É importante que as crianças possam pegar nos livros desde muito cedo. Mesmo que não saibam ler. Lembro da minha mãe lendo, há 80 anos, e de como a expressão no rosto dela me intrigava." Maria Valéria Rezende, escritora e educadora, na mesa A escola forma leitores? Uma conversa a partir da "Retratos da Leitura"

 


Muitas vezes se espera um leitor passivo, sentado na poltrona lendo. Os meninos de hoje não são assim. Mas a criança gosta muito de criar. Uma experiência que tenho feito é começar uma história e pedir para a criança continuar. Ela vai e volta, vai e volta. É uma história em parceria, que vira livro. E eles se sentem bem com isso”. Maria Valéria Rezende, escritora e educadora, na mesa A escola forma leitores? Uma conversa a partir da "Retratos da Leitura"


 

Transgressão é uma palavra muito importante. Temos que transgredir coisas que aprendemos e olhar para um novo cenário. Temos que olhar para o jovem e saber como provocá-lo para que ele se interesse por aquele livro, por aquela narrativa e saia das telas." Zoara Failla, coordenadora da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, na mesa A escola forma leitores? Uma conversa a partir da "Retratos da Leitura"

 


Há uma população não plenamente letrada que tem um interesse pela ficção. Todo mundo quer ser narrado, todo mundo quer participar de atos culturais e esses atos são importantes para introduzir as pessoas no universo da literatura e das histórias. [...] Onde estão esses convites, que são as narrativas ficcionais adaptadas para outros suportes - seja radionovela, seja o teatro no átrio da igreja, seja uma série, seja o cinema?” Rafaela Deiab, editora de educação na Companhia das Letras, na mesa A escola forma leitores? Uma conversa a partir da "Retratos da Leitura"

 


Livro, brinquedos, experiências vividas na escola são formas de consolidar o encontro das crianças com diferentes formas de ler e se expressar no mundo, mas também de ir alimentando um mundo interno e sofisticando essa possibilidade de compreensão, de inauguração do que é desconhecido no sentido de se relacionar com o que é conhecido com novos olhares. E em tempos de tanta pressa, tanto excesso, falar da imaginação como uma política cognitiva é importante."  Paulo Focchi, educador e doutor em educação e criador do Instituto Obeci (Observatório da Cultura Infantil), na mesa A BNCC e o compromisso de formação de leitores na escola

 

 

“Quando pensamos no encontro da criança com a leitura, com o mundo literário, com a possibilidade de imaginação e de se expressar, estamos falando de uma compreensão de uma educação importante. De uma educação emancipadora, atenta à necessidade das crianças, à subjetividade de crianças de 0 a 6 anos e de tantas e importantes as possibilidades que se inauguram neste começo de vida." Paulo Focchi, educador e doutor em educação e criador do Instituto Obeci (Observatório da Cultura Infantil), na mesa A BNCC e o compromisso de formação de leitores na escola

 

O letramento literário não começa na escola. Começa no contar histórias - e não só em livros literários mas em experiências de fabulação do mundo (...) Mas na escola é onde o trabalho de sistematização da leitura literária deveria acontecer. O problema é que o professor não está sendo formado para ser leitor literário". Marcel Álvaro de Amorim, professor de Didática de Português-Literaturas da UFRJ, na mesa A BNCC e o compromisso de formação de leitores na escola

 

Nós somos o povo das águas. Se nascemos de uma gota d’água, que veio com uma grande chuva, bateu no rio e emergiu o homem e a mulher, e assim deu origem ao povo Omágua/Kambeba, então somos filhos do rio. E o rio também tem sua linguagem própria de se comunicar, porque ele é sujeito de direito, portanto tem espírito. O rio é um tataravô,  que todo dia nos conta histórias. É por isso que na aldeia todo dia tem um banho de rio, mesmo quando há água encanada." Márcia Kambeba, educadora e escritora indígena, na mesa Literatura e diversidade: descolonizando os imaginários

 


É preciso recolocar os afetos das crianças e dos jovens para entender, conhecer e amar. A gente não vai amar a natureza,  se ela for só o descanso de tela do nosso computador. A gente não vai valorizar o legado, a ancestralidade indígena ou afrodescendente se as pessoas não estiverem em contato permanente com as histórias, as crenças e as cosmovisões. É um trabalho imenso, mas precisamos assumi-lo individual e coletivamente. É um trabalho gigantesco, mas que precisa ser feito. E nós precisamos assumi-lo." Micheliny Verunschk, escritora e historiadora,  na mesa Literatura e diversidade: descolonizando os imaginários

 


Temos muitos desafios pela frente, pensando nessa nova geração. Mas pensando também no lado rico da experiência escolar, ver a necessidade de possibilitar que a juventude possa ter dentro da sala de aula uma biblioteca, não somente de livros, mas de referências, com legitimidade de um povo diverso. Cada vez mais é preciso insistir nisso." Calila das Mercês, escritora e jornalista, na mesa Literatura e diversidade: descolonizando os imaginários

 


Um texto literário de qualidade é um texto provocativo. Ele alarga as possibilidades de significação da língua, explorando deliberadamente os recursos linguísticos. [..] Um texto literário de qualidade tende a ampliar e renovar a perspectiva por meio da qual nós lemos o nosso próprio cotidiano. Seja porque ele nos coloca em espelho com aquilo que nos é conhecido, seja porque ele nos coloca abrindo a janela, em contato com uma ética, uma estética, uma existência que nos é estrangeira [...]. O texto literário de qualidade nos faz refletir sobre onde eu vivo, quem eu sou e como eu me relaciono com o coletivo." Cristiane Morina,  educadora e mestre em Linguística, na mesa O papel da literatura na alfabetização e nos multiletramentos

 


O desafio que a gente tem ainda na escola é aproximar a versão escolar da versão social, quer dizer, tentar fazer na escola aquilo que os leitores experientes fazem no seu cotidiano, fora da escola. Principalmente na alfabetização." Cristiane Pelissari, na mesa O papel da literatura na alfabetização e nos multiletramentos

 

A partir de Antônio Cândido, reflito que a literatura está intimamente ligada aos Direitos Humanos. Primeiramente, ela é uma necessidade universal, que dá forma aos sentimentos e à visão de mundo, ela organiza e humaniza o sujeito. Negar o acesso à literatura é, portanto, negar acesso a um conhecimento construído historicamente, pela humanidade. [...] A literatura também pode ser uma ferramenta consciente de denúncia aos revelar situações de violação de direitos, como miséria e opressão. " Sheila Perina, pedagoga, na mesa O papel da literatura na alfabetização e nos multiletramentos

 


O ponto de partida do trabalho com´a juventude rural, negra, indígena, periférica, dos rios, dos campos do Brasil é a dimensão de pensar esses jovens como protagonistas. Essa palavra é muito bonita. É um jovem que potencializa, que cria, que não fica nos bastidores." Marcia Licá, escritora e pedagoga, na mesa Formando quem forma leitores: debates e práticas

 

Quando eu estou formando as referências bibliográficas que eu vou levar para a escola em que eu estou lecionando, para o clube de leitura que eu estou formando, é importante eu pensar: o que é literatura [em referência ao texto de Antônio Cândido] e o que a literatura pode fazer? É um lugar de neutralidade ou é uma ferramenta?" Luciany Aparecida, educadora e autora,  na mesa Formando quem forma leitores: debates e práticas

 

 Nossa comunidade tem gente que lê e quer escrever. Nossos poetas têm mais de 40 poesias na gaveta. Então a gente vai atrás de patrocínio, de fomento institucional, editais para lançar esses livros e ajudamos a circular.” Cristina Assunção, slammaster e educadora,  na mesa Formando leitores em comunidade para além dos muros da escola 

 


Na maior feira literária do mundo, de Edimburgo, de 900 escritores, só quatro eram negros. Eu perguntei para o curador, que era uma pessoa amiga, e  ele ficou com medo de que eu estivesse falando que ele deveria convidar 900 autores negros. E eu disse que não era preciso, mas que havia um espaço entre quatro escritores e 900." Julio Ludemir, escritor e um dos idealizadores da FLUP (Festa Literária das Periferias),  na mesa Formando leitores em comunidade para além dos muros da escola

 


Os professores criam uma comunidade própria. É a comunidade do seu bairro, dos seus alunos. É a comunidade que te acompanha, que quer ouvir o que você tem a dizer." Tatiany Leite, jornalista e criadora do projeto Vá Ler um Livro, na mesa Formando leitores em comunidade para além dos muros da escola

 


O que eu não canso de reafirmar é que a literatura está em todos os lugares. Quando é que você iria imaginar que assistindo às Patricinhas de Beverly Hills você estaria aprendendo sobre Jane Austen? O filme é uma adaptação de Emma. E as pessoas não têm a menor ideia disso." Tatiany Leite, jornalista e criadora do projeto Vá Ler um Livro, na mesa Formando leitores em comunidade para além dos muros da escola

 

Nos clubes de leitura, a formação de comunidades faz a literatura transpor qualquer tipo de reflexão para a vida real. Tem muita gente que vai em clube de leitura e começa a refletir sobre a sua própria situação, fala da família, identifica que está sofrendo algum tipo de abuso. É um espaço de literatura, mas é um espaço político, porque as pessoas se sentam ali para refletir em comunidade sobre algum tipo de situação." Stéphanie Roque, editora da Companhia das Letras, na mesa Formando leitores em comunidade para além dos muros da escola

 


Nossas crianças precisam ser auxiliadas a ampliarem seus olhares, desenvolverem a criticidade fundamental para discernir entre o que é fato ou fake, a leitura das entrelinhas, ler para além do que está posto. Isso é um trabalho de formação de leitores. Um trabalho realizado com  um repertório de leitura, mas a partir do digital, ampliando o repertório de contatos que as crianças vão ter. Não podemos demonizar nada, nem internet, nem redes sociais, porque elas já são uma realidade.", Helder Guastti, educador e finalista do Global Teacher Prize 2025, na mesa Educação digital e formação de leitores

 

A gente ainda carece de uma estrutura, de uma política pública de educação midiática que dê a mão para os professores que enfrentam um certo preconceito com as questões digitais e a dificuldade de fazer isso virar um projeto (na escola)." Januária Alves, escritora e jornalista, na mesa Educação digital e formação de leitores

 


Os dois tipos de leitura, o informacional e o literário, têm muito a contribuir um com o outro, para formar leitores com mais criticidade." Camila Castilho, coordenadora pedagógica e formadora de professores na mesa Educação digital e formação de leitores

 

Quando a gente fala de leitura tem um ponto que é frequentemente deixado de lado: a escuta. Ler não é uma pessoa só falar e as outras ouvirem. Leitura é diálogo, escuta, conversa, confrontamento de ideias. Há muitas práticas de leituras que transcendem o objeto livro e chegam à vida real e chegam ao meio digital também, que hoje é uma realidade." Helder Guastti, educador e finalista do Global Teacher Prize 2025, na mesa Educação digital e formação de leitores

 

 

Compartilhe:

Veja também

Voltar ao blog