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Mauricio Santana Dias apresenta “Bambino a Roma”, novo livro de Chico Buarque: “Trata-se de um duplo retorno ao passado”
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O filme Mogli: O Menino Lobo, que acaba de estrear nos cinemas, baseia-se nas histórias de Os livros da selva (Penguin-Companhia), do escritor indo-britânico Rudyard Kipling. Ganhador do Prêmio Nobel de literatura em 1907, Kipling visitou o Brasil em 1927. Na bagagem de volta à Inglaterra, o famoso escritor levou um tatu. A vinda de Kipling ao Brasil e o fato de ele ter levado um animal brasileiro para seu país foram coisas que fascinaram Otto Lara Resende. Ele escreveu várias crônicas sobre o tema, que estão no livro Bom dia para nascer -- organizado por Humberto Werneck e publicado pela Companhia das Letras. Leia aqui uma das crônicas de Otto Lara Resende sobre Rudyard Kipling no Brasil.
Há sessenta e cinco anos, no auge de sua glória, Rudyard Kipling esteve no Brasil. Prêmio Nobel, conhecido em todo o mundo, foi aqui recebido com todas as honras. Na Academia, para homenageá-lo, além de vários embaixadores, estava Getúlio Vargas. Era o ministro da Fazenda em 1927. Escritor, poeta, autor do "If", que todo mundo sabia de cor, Kipling era acima de tudo um súdito inglês. A libra é quem dava as cartas.
Natural que Alexander Mackenzie, da Light, quisesse impressioná-lo. Para isso levou-o à usina de Cubatão. Recente, a grande obra de engenharia tinha dimensão ciclópica no alto da serra do Mar. Kipling desembarcou em Santos, cujo céu achou parecido com o da África Ocidental. No seu diário de viagem, anotou que, para “chegar à planície verde, subiu um tortuoso rio holandês”. A atmosfera é a do sul da Índia, acrescentou. Até parece a Belíndia do Edmar Bacha, não parece?
Mas a Índia no caso era elogio. Kipling nasceu lá e tinha orgulho disso. Para o engenheiro Mackenzie, canadense, um artigo na imprensa inglesa valia qualquer rapapé. A Light tinha muitos acionistas na Inglaterra. Ou na Europa. Até Proust, como eu próprio vi na sua correspondência. Sucede, porém, que Kipling escreveu um artigo no Morning Post e não deu a menor bola para Cubatão. Nem para a Light.
O que ele admirou foi o fantástico potencial hidrelétrico do Brasil. Um dia, quando os barões do petróleo tivessem cometido haraquiri, nós iríamos ter energia para dar e vender. Palavras suas. Naquele momento, porém, em 1927, o escritor estava era chateado, no maior tédio. Isso foi o que apurou Roniwalter Jatobá, que deu notícia de sua pesquisa na revista Memória. Kipling só se impressionou com “as generosas tempestades tropicais”.
Sei por outras fontes que o escritor manifestou especial curiosidade pela nossa fauna. Estava na linha do seu interesse, que hoje diríamos ecológico. Dois animais o fascinaram: a onça e o tatu. Gostou tanto do tatu que ganhou um de presente. Levou-o para a Inglaterra. Lá o exibia aos amigos. Era um tatu-bola, com aquela couraça que se fecha inteirinha. Kipling morreu em 1936. Ignoro o que aconteceu com o tatu. Mas sei que foi ele, com a sua armadura, quem nobremente representou o Brasil junto à intelligentsia britânica.
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