
Fantasias de carnaval inspiradas em livros
De personagens clássicos a contemporâneos, é possível encontrar inspiração na literatura na hora de se vestir para a folia de carnaval. Confira algumas ideias
Democracia é um exercício diário praticado por todos, inclusive as crianças. Nessa tarefa, os livros são grandes aliados quando trazem histórias que valorizam a diversidade, celebram a convivência com o diferente, explicitam desigualdades sociais e debatem temas espinhosos. Para ajudar na missão de se pensar a prática democrática, fizemos uma lista de títulos que preservam a tolerância e o respeito, ampliando o diálogo, sempre.
São obras como Eu não acho de jeito nenhum, de Blandina Franco e José Carlos Lollo, em que dois personagens não concordam em absolutamente nada. Ou então Olívia tem dois papais, de Márcia Leite, com ilustrações de Taline Schubach, que conta a convivência da protagonista do título com Luís e Raul, seus dois pais que cozinham muitíssimo bem e brincam de boneca com ela, celebrando a diversidade dos arranjos familiares. Não poderiam ficar de fora Quem manda aqui? e A eleição dos bichos, dois títulos que debatem com os leitores temas da política, debatidos em oficinas com crianças e os autores André Rodrigues, Larissa Ribeiro, Paula Desgualdo e Pedro Markun.
Confira a seguir a lista completa.
Discordar o tempo todo não dá!
Eunãoacho e Dejeitonenhum eram dois sujeitos inconciliáveis. Se um fazia uma afirmação, lá ia o outro querer provar o contrário só para se reafirmar. Só que essa história de discordar em absolutamente tudo não deu nada certo. Uma obra que discute as discordâncias e reafirma a importância da convivência, Eu não acho de jeito nenhum, de Blandina Franco e José Carlos Lollo, lembra o leitor das coisas que realmente importam.
Política também é coisa de criança
Por que a gente escolhe presidente? Não existe outra forma de tomar as decisões de um grupo? E será que elas são melhores? É para responder a essas e outras perguntas que André Rodrigues, Larissa Ribeiro, Paula Desgualdo e Pedro Markun fizeram Quem manda aqui?, em parceria com crianças de três a dez anos. A ideia é introduzir a elas os sistemas políticos, como a monarquia, a anarquia ou, é claro, a democracia.
Em outubro, todos os adultos são convocados a comparecer às urnas para votar. Mas por que é que as crianças têm que ficar de fora? A ideia de A eleição dos bichos, dos mesmos autores de Quem manda aqui?, é explicar a elas como funcionam as eleições. O livro também foi criado em parceria com crianças em oficinas, atividades em que elas puderam juntas decidir quem deveria ser o rei da floresta.
Uma menina que assegurou os seus direitos
Lá no Afeganistão, tem um grupo chamado Talibã que não quer que Malala vá à escola. A menina, no entanto, é valente o bastante para enfrentar o grupo (o que lhe rendeu até um tiro na cabeça) e foi reivindicar o seu direito à educação. Em Malala, a menina que queria ir para a escola, a jornalista Adriana Carranca traz essa história real da mais jovem vencedora do Prêmio Nobel da Paz para inspirar crianças de todo o Brasil.
A Malala que ganhou o Prêmio Nobel nem sempre foi famosa. Em Malala e seu lápis mágico, a própria ativista conta a história de sua infância, ilustrada por Kerascoët. Lembra dos tempos em que percebeu as injustiças da sociedade em que vivia e decidiu enfrentar os obstáculos dentro de si para reivindicar aquilo que achava justo. O livro é uma premissa para inspirar as mais novas gerações com senso de justiça.
É difícil falar com as crianças assuntos que são considerados tabus, como o sexo. Para isso, uma boa dica é o livro Aparelho sexual e cia., de Zep e Hélène Bruller, que orienta os pré-adolescentes que estão começando a descobrir esse universo. A obra traz informações sobre puberdade, contracepção e doenças sexualmente transmissíveis em uma linguagem leve e bem humorada.
Pela liberdade de ser o que quiser
Numa democracia, todo mundo tem que ter os mesmos direitos e ocupar os espaços que desejar. Por isso Pri Ferrari escreveu e ilustrou os livros Coisa de menina e Coisa de menino, que desmistificam os lugares pré-concebidos do que uma menina ou menino tem que gostar, de como ela/e deve se comportar. A autora lembra que elas podem pilotar foguete e ser arqueólogas, e que eles podem gostar de cuidar de plantas ou de cozinhar.
Histórias para todos os tipos de família
Tem criança que é cuidada por pai e mãe, mas tem tantos outros tipos de família! É o caso de Olívia tem dois papais. Escrito por Márcia Leite e ilustrado por Taline Schubach, o livro conta a história de uma menina que não entende como eles sabem brincar de boneca e cozinhar tão bem. Entre os dilemas da menina, também estão dúvidas como quem vai ensiná-la a usar sapato de salto alto e maquiagem.
Um muro que separa o diferente
Obra política do americano Dr. Seuss, A guerra do pão com manteiga é nada menos que a história de uma disputa que parece interminável, movida apenas pela não aceitação do diferente. É uma menção clara ao período da Guerra Fria. Na obra, Azuizinhos e Laranjinhos elaboram as mais tecnológicas armas por causa de uma discordância bastante boba: como é o jeito certo de passar manteiga no pão.
É a partir da história da sua infância que a artista Amrita Das, uma representante da arte folclórica indiana mithila, nos apresenta a pobreza na Índia. Em A esperança é uma menina que vende frutas, ela fala das dificuldades enfrentadas pelas mulheres em uma sociedade tão patriarcal como a que vive, em que os direitos assegurados são poucos. Em suas imagens, no entanto, compartilha um pouco de esperança por um futuro melhor.
As diferenças não parecem tão grandes quando dois grupos têm um mesmo propósito. É o caso da turma dos Lobato, que gostavam de frequentar os ipês da rua Chiquinho de Souza para ler silenciosamente, e os Hip-Hop, que curtiam o espaço para dançar e ouvir música. Tudo isso soou insignificante quando uma empresa decide instalar um anúncio bem luminoso em frente às árvores. Você pode conferir o desfecho dessa história em A guerra da rua dos siamipês, de Flavio de Souza, com ilustrações de Suppa.
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