
Abram alas: 15 livros infantis para brincar no Carnaval
Não vai ter Carnaval de novo, mas vai ter brincadeira, sim! Selecionamos aqui 15 livros infantis para brincar que valem por uma boa folia!
Hans Christian Andersen, Monteiro Lobato, Ziraldo, José Mauro de Vasconcelos e Maria Clara Machado: o rico universo das histórias infantis já virou samba-enredo e desfilou na avenida. Por isso, em tempos de folia, convidamos o leitor a enxergar o desfile com os óculos da fantasia, ler as alas como os capítulos de um bom livro e relembrar momentos carnavalescos que já cantaram a literatura infantojuvenil.
Bom Carnaval!
Ilustração Marcelo Tolentino
O mundo encantado de Monteiro Lobato (Mangueira, 1967)
O samba foi composto por Batista e Darcy da Mangueira, Hélio Turco, entre outros autores da escola, e foi o enredo vencedor do Grupo 1 (hoje, Grupo Especial). Darcy conta que ele e seus parceiros refizeram o samba mais de 30 vezes antes de atingir um resultado que considerassem satisfatório, o que resultou nessa canção atemporal de homenagem a Monteiro Lobato.
“Vejam quanta riqueza exuberante
Na escritura emocionante
Com seus contos triunfais
Com seus personagens fascinantes
Nas histórias tão vibrantes
Da literatura infantil
Enriquecem o cenário do Brasil”
Meu pé de laranja lima (Mocidade, 1970)
“Não lhe roubemos o riso dos lábios nem a poesia dos sentidos, mas protejamos seus corações contra as aderências, isto é, contra o saudosismo de querer conservar nas quadras vindouras a mesma espécie de alegrias e de ilusões da infância!” Com essas palavras, Dario de Castro e Gabriel do Nascimento encerram a introdução da Revista da Mocidade Independente de Padre Miguel do ano 1970, ano em que a escola trouxe como tema de seu samba o livro de José Mauro de Vasconcelos. Foi o ano das primeiras adaptações desse romance para o cinema e para a televisão. Conquistou ou 4º lugar e impressionou com as fantasias e alegorias que remetiam à obra.
“Era uma vez
Frase que traz felicidade
Às pequeninas majestades
No seu reino de ilusões
Reis, fadas e rainhas
As estórias contadas pelas dindinhas
Entre outras seduções”
Uma delirante confusão fabulística (Imperatriz Leopoldinense, 2005)
De autoria da consagrada carnavalesca Rosa Magalhães, a Imperatriz Leopoldinense homenageou o escritor Hans Christian Andersen na comemoração de 200 anos de seu nascimento. O enredo propôs o encontro da literatura de Andersen com o universo infantil brasileiro de Monteiro Lobato – um convite amigável, uma vez que Lobato foi o tradutor e editor que trouxe os contos do autor dinamarquês para a nossa língua. O desfile trouxe Emília convidando o “pobre Patinho Feio” para “uma simples festinha no Sítio”. As porteiras do universo imaginário lobatiano se abriam na avenida com Andersen sendo o próprio Patinho Feio já na Comissão de Frente e depois ressurgia ao final do desfile na forma de um cisne altaneiro, em visita ao Sítio do Picapau Amarelo.
“Pega a viola o repentista
Conta em versos que o grande artista
Da Dinamarca voou, foi além
Como um cisne altaneiro
Hans Christian Andersen”
Ziraldo: Páginas da Vida de Um Maluco Genial! (Tradição, 2012)
Com o enredo do carnavalesco Augusto de Oliveira, a escola apostou suas fichas em um desfile colorido. O primeiro carro entrou como um dos grandes destaques do desfile, com o próprio Ziraldo logo à frente, fazendo festa e cumprimentando o público. No segundo, sua grande obra: O Menino Maluquinho, de braços abertos; o personagem também fazia movimentos reverenciando a plateia. A carioca Tradição não alcançou o pódio, mas conseguiu alegrar a avenida com seu desfile repleto de personagens da literatura infantojuvenil – até os sacis compareceram. Em entrevista, o homenageado conta: "Foi muito emocionante, dá vontade de chorar. Até acordar vai demorar”.
“No universo encantado vem comigo viajar
No pulsar da batucada vamos todos "ziraldar"
Da infância em caratinga
Trouxe a arte como herança
Desenhando fez a vida
Ter a cara de criança”
Três enredos sobre Maria Clara Machado
A dramaturga e escritora Maria Clara Machado foi tema de três escolas de samba, em diferentes momentos e abordagens. Primeiro, no enredo “A Visita do Jacarezinho ao Reino Encantado de Maria Clara Machado”, da pequena carioca Unidos do Jacarezinho, em 1992, quando a escritora ainda estava viva.
“Sou Jacarezinho e sou criança
E visito o mundo encantado
De uma doce inspiração
Que clareou Maria Clara Machado”
Em 2003, dois anos após a morte da escritora, foi a vez da União da Ilha do Governador trazer o elogiado samba-enredo “Chega em seu cavalinho azul uma bruxinha boa. A ilha trouxe do céu Maria Clara Machado”.
“Tem magia e emoção
Tem bonecos da ilusão
E o fantasminha tem medo de gente
Bruxinha boa, irreverente
Que legal!
Varre a tristeza e faz meu Carnaval!”
Mais recentemente, em 2011, a Unidos do Porto da Pedra resgatou novamente o universo de Maria Clara Machado para avenida com o enredo “O sonho sempre vem pra quem sonhar”. O samba homenageou diversas datas que celebram a autora: os 60 anos do Teatro Tablado, instituição com foco nas peças voltadas para o público infantil fundada pela escritora; os dez anos de sua morte; e os 90 anos que faria em 2011. Na apresentação do enredo, o carnavalesco autor Paulo Menezes escreveu:
“Ainda quero sonhar muito, sonhar alto e fazer sonhar.
Sonho que as minhas histórias sejam sempre recontadas e reinventadas, pois a cada reinvenção, o meu sonho continua, e cada criança que a ouve, um dia cresça e conte aos seus filhos, para que estas histórias recomecem.
Sonhou?
Maria Clara Machado,
reinventada por mim,
Paulo Menezes.”
Não vai ter Carnaval de novo, mas vai ter brincadeira, sim! Selecionamos aqui 15 livros infantis para brincar que valem por uma boa folia!
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