Lalau: “Nas mãos das crianças, o livro vira brinquedo, música, um abraço forte”

13/10/2022

Lázaro Simões Neto, ou Lalau, é um mestre das palavras. Com elas, ele brinca, movimenta, combina… O resultado disso tudo vem em forma de belíssimas poesias, feitas para crianças. Dupla inseparável da ilustradora Laurabeatriz, ele já assinou dezenas de livros infantis e essa história toda nasceu quase junto com a Companhia das Letrinhas, em 1994. Naquele ano, Lalau e Laurabeatriz lançaram Bem-te-vi e outras poesias, premiado pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ). O livro falava de animais, temática constante, junto com todo o contexto de meio ambiente, nas obras da dupla. A coleção Brasileirinhos, assinada pelos dois, é outro exemplo disso.

“O livro é o que mais aflora e transforma emoções em uma criança.”
(Lalau)

Em entrevista ao Blog da Letrinhas, ele relembra como decidiu escrever para crianças, inspirado - e estimulado - por José Paulo Paes. O autor também fala de como a história da Companhia das Letrinhas se mistura com a história e com a evolução da literatura infantil brasileira e de como se inspira por meio das interações com o público.

*Para comemorar os 30 anos da Companhia das Letrinhas (em 2022) e o Mês das Crianças, durante outubro você confere uma série de entrevistas exclusivas com grandes autores e ilustradores brasileiros que fazem parte dessa história, sejam nossos primeiros parceiros, sejam aqueles que ganharam os maiores prêmios de literatura infantil. Acompanhe tudo no Blog da Letrinhas, no site criado especialmente para essa festa e nas nossas redes sociais. 

Lalau, autor de Bem-te-vi e outras poesias         

Como começou a sua relação com a Companhia das Letrinhas? Como foi fazer o primeiro livro para a editora e o que mais te marcou nesse processo?

Começou em 1994, com o Bem-te-vi e outras poesias, meu primeiro livro com a Laurabeatriz na Letrinhas. O marcante foi como esse livro chegou à editora. Alguns anos antes, fui ao lançamento de um livro do José Paulo Paes, o Olha o bicho. Li, me encantei e decidi fazer poesia para crianças. Comecei a escrever, juntei uma série de poemas e enviei para o José Paulo, apenas para ter uma opinião. Mas ele gostou e, para minha surpresa, entregou os originais para a Lilia Schwarcz, ainda lá na Rua Tupi. Em pouco tempo, o livro ficou pronto! Foi gentileza de tudo que é lado! 

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A Companhia das Letrinhas está completando 30 anos em 2022. Nessas três décadas, qual foi a transformação mais importante na literatura infantil, tanto em termos de texto como ilustração e produção gráfica, na sua avaliação, e por quê?

As transformações foram muitas. Editoras investiram mais, livrarias se especializaram no segmento, o livro para crianças ampliou seu espaço nos eventos literários e escolas. Acredito que todo esse movimento incentivou novos autores, trouxe diferentes conceitos gráficos, além de diversas propostas de texto, ilustração e temáticas para a literatura infantil.

Poderia citar três livros infantis que foram mais importantes ou marcantes para você nesses últimos 30 anos? Dos publicados pela Letrinhas, qual você citaria?

Que pergunta difícil! São muitos. Mas, vamos lá. Os três, entre os inúmeros mais importantes: Meninos do mangue (Companhia das Letrinhas, 2001), de Roger Mello, Sagatrissuinorana, de João Luiz Guimarães e Nelson Cruz, e Brasileirinhos (Companhia das Letrinhas, 2017), de Lalau e Laurabeatriz. Publicado pela Letrinhas: Os invisíveis (2021), de Tino Freitas e Odilon Moraes

Qual acontecimento relacionado ao processo de criação e produção dos livros ou ao feedback e interação com os leitores ficou na sua memória ao longo desse tempo? Poderia contar um pouco qual história mais te marcou?

A gente nunca sabe o que vai acontecer com o livro depois de pronto. Nas mãos das crianças, educadores e pais, o livro vira brinquedo, um outro livro, música, um abraço forte, um desenho singelo e emocionante, um delicioso olhar sincero e bilhetinhos com letras miúdas. Guardo muito dessas experiências aqui em casa. De vez em quando, vou lá dar uma olhadinha e relembrar experiências boas. A motivação para escrever dobra de tamanho.

Como você vê/avalia a participação da Companhia das Letrinhas no mercado editorial e na própria história da produção literária para a criança?

A Letrinhas é referência na literatura para crianças. Sempre um trabalho apurado, essencial e de alta qualidade. Acho que isso é resultado do talento de quem está lá dentro, de quem faz a editora, da relação sempre feliz com os autores. O crescimento da literatura infantil no país está, sem dúvida, ligado à história da Companhia das Letrinhas.

Além dos livros, as crianças têm várias fontes de entretenimento, como telas, vídeos, streamings, games. Como acha que a literatura infantil será nos próximos 30 anos? Qual o grande desafio que autores e leitores terão?

Acredito que há espaço para tudo na vida de uma criança. A literatura vai continuar atraente e impactante. O livro é o que mais aflora e transforma emoções em uma criança. O desafio para os autores é produzir cada vez mais e melhor. Para os leitores, é o básico: ler cada vez mais.

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