Estudando a passagem do século XVII para o XVIII, as autoras mostram como a descoberta do ouro e o perigo de invasões estrangeiras, entre outros fatores, contribuíram para mudar a política imperial portuguesa e secularizar a noção de "império", antes permeada de um ideal messiânico.
Estudando a passagem do século XVII para o XVIII, as autoras mostram como a descoberta do ouro e o perigo de invasões estrangeiras, entre outros fatores, contribuíram para mudar a política imperial portuguesa e secularizar a noção de "império", antes permeada de um ideal messiânico.
Após a morte do padre Antônio Vieira, ocorrida nos últimos anos do século XVII, a concepção religiosa de Império praticamente desapareceria dos círculos onde se desenhava a política do mundo português. O Império surgido na virada do século XVII para o XVIII era um império leigo, assentado em riquezas concretas, capazes de excitar cobiças de várias naturezas. A descoberta do ouro, a obstinação dos franceses em se estabelecer na América portuguesa, invadindo por duas vezes a cidade do Rio de Janeiro, e as revoltas de caráter variado que se multiplicaram nas zonas de colonização entre 1709 e 1720 mostravam que, se a terra era rica, havia perigos a ameaçá-la tanto de fora como de dentro. Para preservá-la, os portugueses precisavam rever suas formas de atuação nas paragens que os documentos oficiais já chamavam de Brasil. Há muito a historiografia brasileira vê o final do século XVIII sob o signo da crise. O império deste mundo mostra como o início do século também foi um período tenso e conflituoso, impondo reformulações decisivas - particularmente que Portugal repensasse o sentido do Império.