Sávia Dumont: “Tudo começou com uma malinha cheia de bordados”

24/10/2022

Menino do Rio Doce é um livro assinado pelo cartunista, escritor e dramaturgo Ziraldo e publicado pela Companhia das Letrinhas. Só que desta vez, no lugar de criar seus personagens e usar suas ilustrações tão características e queridas no Brasil e no mundo, a obra deu espaço para outros ilustradores, em um formato inovador. Sávia Dumont e suas irmãs, Ângela, Marilu e Marta, bordaram as ilustrações criadas pelo irmão delas, Demóstenes. 

Teremos sempre os caçadores de belezas nos textos
(Sávia Dumont)

O resultado delicado e poético foi reconhecido, não só pelo público, como por especialistas e pelo mercado, em geral, inclusive lá fora. “O livro Menino do Rio Doce, ganhador de muitos prêmios, nos levou à Feira de Bolonha, uma oportunidade ímpar para mostrar ao mundo nosso trabalho”, diz Sávia. Nesta entrevista, ela conta um pouco sobre sua história com a Companhia das Letrinhas, os momentos marcantes, as ilustrações bordadas e os livros de que mais gosta na literatura infantil. 

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*Para comemorar os 30 anos da Companhia das Letrinhas (em 2022) e o Mês das Crianças, durante outubro você confere uma série de entrevistas exclusivas com grandes autores e ilustradores brasileiros que fazem parte dessa história, sejam nossos primeiros parceiros, sejam aqueles que ganharam os maiores prêmios de literatura infantil. Acompanhe tudo no Blog da Letrinhas, no site criado especialmente para essa festa e nas nossas redes sociais. 

Sávia Dumont

Como começou a sua relação com a Companhia das Letrinhas? Como foi fazer o primeiro livro para a editora e o que mais te marcou nesse processo?

Coisa boa é ter amigos! Nosso querido amigo, Carlos Rodrigues Brandão, também amigo da Lili [Lilia Schwarcz, fundadora da Companhia das Letras], foi quem nos apresentou à Companhia das Letrinhas. Juntei todo o dinheirinho que tinha naquela época e fui para São Paulo. Com uma malinha cheia de bordados, fomos recebidos por Lili. Dali nasceu o livro Menino do Rio Doce, com texto do Ziraldo. A edição foi um grande sucesso e o livro ganhou muitas premiações. O interessante é que esse livro é o único que o Ziraldo deu para outros ilustradores. Ter essa abertura na editora foi um marco em nossa carreira como autores e ilustradores. Uma honra a nossa ter nosso trabalho acolhido e divulgado no Brasil.

A Companhia das Letrinhas está completando 30 anos em 2022. Nessas três décadas, qual foi a transformação mais importante na literatura infantil, tanto em termos de texto como ilustração e produção gráfica, na sua avaliação, e por quê?

O grande papel das editoras é mesmo dar acessibilidade à leitura. E nisso a Companhia das Letrinhas é mestre! Livros belos e de alta qualidade são a marca da editora nesses 30 anos. Com produções impecáveis, as escolas, as crianças e os leitores ganharam o gosto pela boa leitura.

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Poderia citar três livros infantis que foram mais importantes ou marcantes para você nesses últimos 30 anos? Dos publicados pela Letrinhas, qual você citaria?

Muitos livros excelentes chegaram aos leitores. Cito três aos quais tenho muito apreço: Menino do Rio Doce, do Ziraldo, A menina, a gaiola e a bicicleta, do Rubem Alves e Carlos Brandão, e os livros do Roger Mello e da Alessandra Roscoe.

Qual acontecimento relacionado ao processo de criação e produção dos livros ou ao feedback e interação com os leitores ficou na sua memória ao longo desse tempo? Poderia contar um pouco qual história mais te marcou?

O livro Menino do Rio Doce, ganhador de muitos prêmios, nos levou à Feira de Bolonha, uma oportunidade ímpar para mostrar ao mundo nosso trabalho.

Como você vê/avalia a participação da Companhia das Letrinhas no mercado editorial e na própria história da produção literária para a criança? 

Na minha avaliação, a Companhia das Letrinhas é exemplar. Editora cuidadosa, competente, comprometida com a beleza e com o respeito aos leitores e autores.

Além dos livros, as crianças têm várias fontes de entretenimento, como telas, vídeos, streamings, games. Como acha que a literatura infantil será nos próximos 30 anos? Qual o grande desafio que autores e leitores terão?

O grande desafio das editoras, dos autores e ilustradores é inovar sempre. Buscar a criatividade e o invencionismo para conquistar um público ligado à tanta tecnologia. A literatura nunca morrerá. Teremos sempre os caçadores de belezas nos textos, além de ilustrações vindouras!

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