Mergulhar no tempo das cerejas, por Meritxell Hernando Marsal
Meritxell Hernando Marsal compartilha sobre os desafios do processo de tradução de "O tempo das cerejas"

Foto: Chico Cerchiaro
Em 28 de setembro de 1969, chegava às livrarias O sobrevivente, livro de contos que marca a estreia de Sérgio Sant’Anna, então com 27 anos, na literatura. Cinquenta anos depois, o autor carioca é um dos grandes nomes da literatura nacional, dono de quatro prêmios Jabuti, três APCA e um prêmio da Biblioteca Nacional. Para celebrar o cinquentenário de sua produção literária, a Companhia das Letras lança uma nova edição de Amazona. Publicado originalmente em 1986 e vencedor do Jabuti daquele ano, o romance foi um marco: ao fazer um retrato irreverente sobre a libertação da mulher, o texto não só destoava da produção literária da época, mas acertava em cheio as questões políticas do país, que vivia na ressaca dos anos de chumbo e engatinhava em direção à transição democrática.
Com posfácio do jornalista André Nigri para esta nova edição, Amazona acompanha a ascensão de Dionísia, uma típica esposa da classe média carioca, ao poder — em suas mais diversas formas.
Autor de uma obra diversa, que inclui peças de teatro, romances, poesia e, principalmente, contos, Sant’Anna teve sua obra traduzida para o alemão, o italiano, o francês, o tcheco, o espanhol e o hebraico. São célebres também as adaptações cinematográficas de seus livros, como Crime delicado, dirigido por Beto Brant; e Um romance de geração, de David França Mendes, baseados nos respectivos títulos. Sérgio Sant’Anna escreveu ainda duas adaptações em parceria com Bia Lessa: a de seu próprio romance A tragédia brasileira e a de Orlando, de Virginia Woolf.

“Essa é a fotografia dos meus sonhos. Uma mulher, com o vestido levantado, cavalgando o bidê de um banheiro luxuoso. Utilizando o jogo de espelhos, seriam cem mulheres, captadas em cem diferentes ângulos. E eu a batizaria de Amazona.”
Nono livro de Sérgio Sant’Anna e romance sem-par na literatura brasileira, Amazona ganha nova edição com posfácio de André Nigri. Clique e leia um trecho.

Em abril deste ano, iniciamos a comemoração dos 50 anos de literatura do escritor carioca com um episódio especial de nosso podcast, Rádio Companhia. Para comentar essa trajetória literária notável, convidamos quatro jovens escritores: Sérgio Rodrigues, Gustavo Pacheco, Carola Saavedra e Emilio Fraia. Além de depoimentos sobre a obra de Sérgio Sant’Anna, eles também fizeram seis perguntas ao autor.
Por fim, você ouve a leitura de “Um conto quase mínimo”, conto de Sérgio publicado apenas na nossa newsletter Contém Um Conto.
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