Neste livro publicado originalmente em 1974 e agora em nova tradução, Skidmore traça as origens e trajetórias dos debates sobre raça no seio da elite nacional brasileira nas últimas décadas do Império e nas primeiras da República.
Neste livro publicado originalmente em 1974 e agora em nova tradução, Skidmore traça as origens e trajetórias dos debates sobre raça no seio da elite nacional brasileira nas últimas décadas do Império e nas primeiras da República.
Preto no branco é um trabalho já clássico e, de certa forma, premonitório. Nos anos 1970, época em que a questão racial andava esquecida pela academia, e ainda não fazia parte do debate público, Thomas E. Skidmore, decano entre os "brasilianistas", tenta compreender um momento central para a explicação do racismo na sociedade brasileira. Seu estudo causou grande sensação na época e ajudou a recolocar em pauta esse tema agudo da realidade nacional. Com base nos escritos e discursos de uma grande gama de cientistas, políticos e romancistas, o livro revela que a intelligentsia local, influenciada por padrões e formas europeus, procurou acomodar as teorias racistas então em voga - que consideravam o negro inferior e condenavam a mestiçagem - à situação local. A solução original encontrada foi o "branqueamento" da sociedade, por meio da imigração europeia. Skidmore mostra, no entanto, como as ideias deterministas foram gradualmente cedendo lugar a novas perspectivas, que davam ênfase aos aspectos positivos da miscigenação, e acabaram por produzir um consenso sobre a existência de uma "democracia racial" no país, tese que gerou uma percepção distorcida do racismo brasileiro.